domingo, 4 de janeiro de 2015

Ao longo dos anos, concretamente depois do golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980, fomos constatando a degradação do Ensino na Guiné-Bissau; a degradação do Sector da Saúde na Guiné-Bissau; a degradação de todas as estruturas de serviço público do nosso país.

Fomos constatando que, quadros técnicos qualificados, foram sendo excluídos/marginalizados da estrutura-base da projecção e construção do modelo de desenvolvimento indicado por Amilcar Cabral, o tal modelo de um Homem Novo para o nosso país, na abrangência infinita da sua multifacetada interpretação.

Fomos constatando que o Poder era Tudo e que, quem não estivesse com os poderosos, o mesmo seria dizer, estar contra eles.

Fomos assistindo, impávidos e serenos, à destruição dos pilares da Nação, alicerçados (desde sempre) na multietnicidade, pluralidade e diversidade que caracterrizam o nosso POVO.

Fomos seguindo um "deus" e assimilando as suas orientações; ele que semeou sementes do mal, que ainda hoje vamos colhendo, duma ou doutra forma, porque felizmente ou infelizmente, a nossa Guiné-Bissau, é uma terra fértil, por excelência...

Vimos tanta coisa; pactuamos com tanta coisa;
Mas de há uns anos a esta parte, começamos a ver que, afinal, enquanto cidadãos, estávamos e temos estado a ser parte do problema e não, parte da solução para os grandes problemas que existem no nosso país.
Nos dias que correm, estamos certamente, melhor posicionados para tentarmos reconsiderar toda a nossa cumpliicidade, seja por desconhecimento/ignorância; seja por acção inconsciente ou consciente, que compete a cada um ajuizar tendo em conta o seu percurso comportamental relativamente ao país, ao longo de quase quarenta e dois anos de independência política.


As minhas questões, depois desta introdução são:
Como podemos exigir um Ensino de Qualidade na Guiné-Bissau, quando pelo que todos sabemos, os sucessivos Governos não têm cumprido com as suas responsabilidades para com o Sector?
Como podemos ter Professores qualificados, quando os sucessivos Governos não cumprem com as suas obrigações, por exemplo, o pagamento regular de salários e outros direitos aos Professores?

Como podemos exigir Saúde de qualidade, para a satisfação das necessidades elementares no âmbito da saúde, das nossas populações, quando os sucessivos Governos não têm cumprido com as suas responsabilidades?

Qual é o trabalhador, seja de que área for, que continua motivado no exercício das suas funções, sem receber salários ao longo de tantos anos de trabalho...?! Só na Guiné-Bissau!

Falamos da Educação e da Saúde, mas a situação é global, a nível das estruturas da nossa Administração Pública, com excepção, claro está, dos senhores do poder, já que pode faltar dinheiro para pagar salários a todos os funcionários públicos, menos a eles...

E é assim, tem sido assim, ao longo de tantos anos, a brincadeira em nome da afirmação de um Estado...
Vamos continuar a trabalhar!
Didinho 04.01.2015

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