PAIGC vs DSP
O impasse que a Guiné-Bissau hoje vive, resulta nada mais, nada menos do que da escolha feita pelos delegados ao congresso do PAIGC em Cacheu, foram muitos os analistas e críticos que profetizaram a desgraça que nos bateu a porta neste início de 2015, faltado apenas saber quem será o anfitrião de serviço.
A sociedade guineense foi sobejamente alertada para o perigo que representava o casamento de conveniência protagonizado entre DSP e as várias alas do PAIGC em Cacheu, essa relação tinha mais de destrutivo do que de construtivo, desde logo porque foi um pacto para tentar destruir um terceiro candidato, e não para construir algo de bom, de positivo para o partido e para o país, por outro lado era também nocivo para o DSP que agora acabou por ser vítima das várias alas que o apoiaram em Cacheu, e porque não dize-lo, vitima da sua própria incapacidade para corresponder as expetativas que em torno dele se criaram, o povo guineense é na sua maioria analfabeto, não consegue distinguir a diferença entre uma proposta estruturante, e o simples emitir sinal de Internet grátis numa praça, muitos não percebem que um café ou um restaurante pode fazer isso sem grandes custos, mas também sem grandes benefícios para o país, por saber disso, DSP relaxou, descontraiu, dormiu sobre uma vitoria que julgava consolidada.
O PAIGC mais uma vez mostrou toda a sua matreirice no uso que fez do candidato menos plausível a vitória em Cacheu, servindo-se dele para em conjunto chegarem ao poder, e agora o descartar pura e simplesmente, com a mesma facilidade com que se livrou de qualquer homem ou mulher que ousou afrontar as suas alas mais duras.
DSP acaba hoje como “catcho na mon di mininos”, atabalhoado, desnorteado, com um discurso pouco clarividente, muito inconsistente …. Um dia aceita que há problemas…. No dia seguinte enterra a cabeça na arreia e já está tudo bem….
É nestes momentos que os conselheiros devem ser firmes, mandando parar as pessoas a quem prestam acessória. É degradante a imagem que DSP hoje transmite. A imagem de um homem que está a pagar caríssimo a ingenuidade de ter pensado que controlava o PAIGC, que podia usar o PAIGC e livrar-se dele na primeira oportunidade, ou até mesmo ir usando a media da sua conveniência, como deu a entender com a salada russa de partidos que compõem o governo, algo até sem explicação do ponto de vista politico, porque um líder que saiu de uma vitoria recente no congresso e com maioria absoluta nas legislativas, tinha que relegar a oposição ao seu lugar, com dignidade e responsabilidade como deve acontecer em democracia, mas em vez disso, o que conseguiu fazer em tempo recorde, foi transformar o PAIGC no maior partido de oposição ao governo por ele liderado, um erro politico tremendo.
Hoje MATCHU tem uma única estratégia na manga, tentar fazer o povo acreditar que o problema é o JOMAV, para ver se ganha tempo na sua luta interna no partido, porque tempo é o que ele não tem, começa a escassear-lhe. Mas esta tarefa não se afigura fácil apesar de MATCHU já ter dado provas da sua real valia em matéria de iludir a opinião publica, principalmente a residente na europa que é aquela que melhor percebe e com a qual tem mais empatia. A dificuldade parte logo do extremo oposto deste paradoxo de Tolstoi, do lado da paciência, porque o PAIGC, é que já não tem paciência nenhuma para aturar a arrogância, a prepotência, a petulância, as megalomanias e estravagâncias do MATCHO.
O PAIGC na prática nunca deixou de ser a força dirigente máxima da sociedade Guineense, apenas mudou a forma como exerce a sua influência e o seu controlo na sociedade. Se os Guineenses deixarem de “pensar mais com o coração”, poderão notar que até nos ditos golpes apoiados pelo PRS, quem assume a presidência da republica é sempre um militante do PAIGC que deixa o lugar de chefe do governo para um militante do PRS, sendo os outros cargos divididos entre os dois partidos, mas o povo continuava a dizer que o Kumba e/ou o PRS é que deram o golpe.
Por isso é hoje um dado adquirido que MATCHO está por horas, dias ou semanas, não porque ele e o JOMAV não se dão bem, já não se davam bem, e isso não lhes impediu de ganhar as eleições, JOMAV a título individual, e DSP indiretamente através do PAIGC, que agora quer se desfazer dele. A queda de MATCHO deve-se ao facto do PAIGC ter-lhe retirado o suporte que lhe vinha dando, MATCHO é porventura o único membro do bureau político sem ala no PAIGC, o próprio Braima Camara preferiu perder o congresso mas segurar a sua ala politica para futuros combates.
É evidente que o presidente não poderá continuar a olhar para o lado, como se nada estivesse a acontecer, a uma dada altura, terá mesmo que intervir.
E o PAIGC da se a este luxo, porque a semelhança de muitos analistas, os libertadores também já perceberam uma característica “sui generis” do povo Guineense, e aqui desafio também o DOKA INTERNACIONAL a apontar para confrontar no futuro:
Na Guiné-Bissau, em cada momento há um político que é endeusado, até apareceu o próximo ilusionista para os aldrabar e manipular.
Para não recuar até Cabral, comecemos pelo FADUL que foi um Deus vivo na terra, Kumba foi quem teve a maior votação de sempre em democracia na Guiné-Bissau, depois veio o CADOGO que foi alternando o protagonismo com o Regressado Nino, agora DSP (MATCHO)….
Mas podem ter a certeza de que depois de MATCHU vira aquele que o povo irá considerar muito melhor do que MATCHU, aquele que fará MATCHU sentir o gosto da ingratidão que o povo guineense reserva aos seus ex-líderes. Pergunto o que este povo não jurou fazer pelo CADOGO? E como reagiu este mesmo povo quando MATCHO traiu CADOGO?
É este o país que temos, e ninguém percebe este país melhor que o PAIGC, por isso vai continuar a ser o PAIGC a dirigir a nossa sociedade.
Resta dizer: MATCHU bom biás! Ou boa ofensiva político/diplomática! (conforme queira)
Eles bem avisaram: Hora de rampanssa na tchiga.
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