segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Em comemoração à data do início da luta de libertação nacional, a Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal organizou pela primeira vez, uma conferência em honra dos Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, sob o tema: “Eu combati pela liberdade em nome da pátria: problemática dos Combatentes da Liberdade da Pátria, história, factos e actualidade”, honrando assim, num gesto simbólico, alguns combatentes residentes actualmente em Portugal.

Na conferência que decorreu ontem, 23 de Janeiro, no Auditório da faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a presença e o testemunho de alguns combatentes e a intervenção de oradores como Senhora Maria Lima da Costa, General Fodé Cassamá, e Senhores, Iancuba Ndjai, António Mendes, Iafai Sani, Senhor Armindo Marques Vieira e o anfitrião, Senhor Mbala Fernandes, entre outros depoimentos da plateia, desencadeou momentos interessantes de interacção, onde do painel da discussão, constaram temas desde o papel da mulher durante a luta de libertação, a distinta estrutura das forças armadas sob instrução do Cabral; a criação das Forças Armadas Revolucionária do Povo (FARP), o envolvimento da cuba em todo o processo, a submissão natural do poder militar ao poder político, a fase da mobilização, o artigo 5 da constituição (que específica o critério de consideração do Combatente da Liberdade da Pátria), e mais interesses amplamente discutidos…

Numa plateia constituída em grande parte por jovens académicos e cidadãos luso-guineenses que consideraram elucidativo essa oportunidade de conhecer a história do seu país, também se ouviu, ainda que isoladamente, uma voz em oposição à luta de libertação nacional, e mais vozes a questionar a realidade actual do país e o rumo que o processo seguiu.

A unanimidade deste encontro/homenagem é em grande escala a satisfação e a emoção dos combatentes homenageados com a cara do Amilcar Cabral e Titina Silá em “panu di pinti”, gratulando todos com o gesto de reconhecimento, que classificam de uma magnitude reconfortante, jamais feito pela Embaixada.


No seu discurso, o anfitrião, Senhor Mbala Fernandes, Encarregado de Negócios da Embaixada, recuou na história e retractou o tempo em que o valor que se dava aos antigos Combatentes, inclusive na morte, era de relevo; afirmando ainda, que “o mais importante é reconhecer o valor dos antigos combatentes e saber transmitir estes valores à geração vindoura, como outrora foi-nos transmitido na disciplina escolar: Formação Militante”; é importante saber reconhecer os erros e permitir que se impere o saber respeitar opiniões e visões opostas às nossas.Gostaríamos de poder homenagear a todos, mas a impossibilidade de contactar alguns não permitiu que assim seja, todavia, esperemos que os não homenageados de hoje sintam esse gesto como abrangente a todos eles, com a mesma honra e sentido de reconhecimento e glória.” Ainda em jeito de encerro e com muita emoção, Senhor Mbala Fernandes recitou um poema do Bacar Cassamá de 1973, memórias de luta, reavivando memórias e glória dos combatentes que acabaram em lágrimas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.