Em comemoração à data do início
da luta de libertação nacional, a Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal
organizou pela primeira vez, uma conferência em honra dos Antigos Combatentes
da Liberdade da Pátria, sob o tema: “Eu combati pela liberdade em nome da pátria:
problemática dos Combatentes da Liberdade da Pátria, história, factos e
actualidade”, honrando assim, num gesto simbólico, alguns combatentes
residentes actualmente em Portugal.
Na conferência que decorreu
ontem, 23 de Janeiro, no Auditório da faculdade de Direito da Universidade de
Lisboa, a presença e o testemunho de alguns combatentes e a intervenção de
oradores como Senhora Maria Lima da Costa, General Fodé Cassamá, e Senhores,
Iancuba Ndjai, António Mendes, Iafai Sani, Senhor Armindo Marques Vieira e o
anfitrião, Senhor Mbala Fernandes, entre outros depoimentos da plateia,
desencadeou momentos interessantes de interacção, onde do painel da discussão, constaram
temas desde o papel da mulher durante a luta de libertação, a distinta
estrutura das forças armadas sob instrução do Cabral; a criação das Forças
Armadas Revolucionária do Povo (FARP), o envolvimento da cuba em todo o
processo, a submissão natural do poder militar ao poder político, a fase da
mobilização, o artigo 5 da constituição (que específica o critério de
consideração do Combatente da Liberdade da Pátria), e mais interesses
amplamente discutidos…
Numa plateia constituída em
grande parte por jovens académicos e cidadãos luso-guineenses que consideraram
elucidativo essa oportunidade de conhecer a história do seu país, também se
ouviu, ainda que isoladamente, uma voz em oposição à luta de libertação
nacional, e mais vozes a questionar a realidade actual do país e o rumo que o
processo seguiu.
A unanimidade deste
encontro/homenagem é em grande escala a satisfação e a emoção dos combatentes
homenageados com a cara do Amilcar Cabral e Titina Silá em “panu di pinti”,
gratulando todos com o gesto de reconhecimento, que classificam de uma magnitude
reconfortante, jamais feito pela Embaixada.
No seu discurso, o anfitrião,
Senhor Mbala Fernandes, Encarregado de Negócios da Embaixada, recuou na
história e retractou o tempo em que o valor que se dava aos antigos
Combatentes, inclusive na morte, era de relevo; afirmando ainda, que “o mais
importante é reconhecer o valor dos antigos combatentes e saber transmitir
estes valores à geração vindoura, como outrora foi-nos transmitido na
disciplina escolar: Formação Militante”; é importante saber reconhecer os erros
e permitir que se impere o saber respeitar opiniões e visões opostas às nossas.
“Gostaríamos
de poder homenagear a todos, mas a impossibilidade de contactar alguns não
permitiu que assim seja, todavia, esperemos que os não homenageados de hoje
sintam esse gesto como abrangente a todos eles, com a mesma honra e sentido de
reconhecimento e glória.” Ainda em jeito de encerro e com muita emoção,
Senhor Mbala Fernandes recitou um poema do Bacar Cassamá de 1973, memórias de
luta, reavivando memórias e glória dos combatentes que acabaram em lágrimas.
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