Caro irmão Doka
Esta não é a primeira vez que a rede guineense de blogues se vê envolvida em guerras e guerrilhas. Em tempos, se bem te lembras, tentei apaziguar um conflito que mantiveste com o Progresso Nacional. Desta vez, talvez o Progresso Nacional tenha ido longe demais, com acusações que colocam em causa o teu bom nome, coisa de que ninguém gosta.
Mas julgo que há aqui um grande equívoco e mal entendido. É que duvido que a Ministra da Justiça tenha algo propriamente pessoal contra ti. Mas, tal como tu te ofendes das acusações injustas e gratuitas de que és alvo, julgo que compreenderás que ser tratada, num blog, como «frustrada, bêbada e prostituta», não é a melhor prenda de Natal que uma mãe de família possa desejar. Julgo que não tem nada a ver com os textos mais antigos que foste buscar, que ficam deslocados, ou com qualquer animosidade alimentada desde aí.
Há um ano, ou um pouco mais, não sei se te recordas, chegámos a combinar manter, entre todos, um certo nível de cortesia e responsabilidade, sem linguagem ofensiva. Aliás, julgo que foi esse o espírito da tua recente mensagem de Ano Novo. Julgo que uma das tuas grandes qualidades, que compensam largamente alguns defeitos, é a capacidade de reconhecer os erros. Não sendo o autor de algum texto que publiques, julgo que deves a assumir a responsabilidade de expurgar as ofensas pessoais. Podes manter o teu estilo denunciante sem essas cenas mais degradantes e que acabam por afastar de ti muita gente. Podes agitar, que é o que as pessoas apreciam no teu papel, mas para isso não precisas de ofender ou deixar que ofendam gratuitamente, neste caso, uma mulher, na sua decência e feminidade. Se me permites que te dê a minha opinião, julgo que, entre os epítetos que usaste recentemente para a Senhora, «ambiciosa» não tem problema, «frustrada» no limite (embora desagradável, com um bocadinho de jeito ainda se consegue enquadrar num âmbito estritamente político), mas o resto foi claramente demais.
Conhecendo a tua magnanimidade, à qual apelo neste princípio de Ano Novo que esperamos benéfico para todos, bem como a tua sensibilidade e gosto pela verdade, sugeriria que tomasses uma atitude daquelas que são uma das receitas de sucesso do teu blog, que muita gente, que não percebe ou compreende bem, entende como «reviravoltas», mas que de facto traduzem a tua vontade de dar um contributo realmente positivo ao país, como também me parece ser o caso da Ministra da Justiça e do Progresso Nacional. Felicito-te aliás, porque, para além do tom de desafio, teres sempre mantido, em teu nome próprio, um tom respeitoso para com ela. Tenho quase a certeza de que uma pequena nota, desfazendo o equívoco, com um pedido de desculpa soft e um apagão das etiquetas (deixando apenas «Ministra da Justiça») no texto do «Dr. José Almeida» datado de 22 de Dezembro, seria suficiente para que a Ministra desistisse de eventuais diligências que tenha tomado para tentar responsabilizar-te pelos conteúdos desapropriados. Enterrar-se-ia o machado de guerra, neste princípio de ano, seria um magnífico exemplo de reconciliação, evitando querelas inúteis com base em mal entendidos.
Espero que tudo se possa resolver a contento e num verdadeiro espírito de reconciliação. Como diz o Didinho e repetiu recentemente o Pedro Té no teu blog: «Abos tudo i guineenses. Guine precisa di cada um di bos. No djunta mon pa Guiné. Na propui ideais pa kumpo no terra. Pabia ke ku djuntano i mas ke ku dividino. No mostra mundo kuma Guineenses pudi da utro imagem di Guiné, sim panha raiba.»
Um grande abraço e BOM ANO para ti e para a toda a tua família
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