“Aparência
de homem é mil vezes falsa de que uma mentira”
Digamos
que um homem injusto, preocupando-se em alcançar uma coisa real, e
não vivendo para a aparência, não querendo parecer injusto, mas
sê-lo. Em primeiro lugar, imaginemos que chega ao poder por parecer
ser justo, mas sem sê-lo. Em seguida, o que é que este homem seria
capaz de fazer? Diremos nós, que pode desposar uma mulher da família
que quiser, dar as filhas em casamento a quem lhe aprouver, fazer
alianças, formar empresas com quem desejar, e em tudo isto digamos
que ganha e lucra por não se incomodar com a injustiça que reina no
Estado que ele governa. Visto que ele vive apenas em aparência de
quem é justo, sem sê-lo.
Porém,
de acordo com o que foi dito, imaginemos que este homem se encontra
em conflito público ou privado, é ele quem prevalece e leva
vantagem aos adversários; a tal vantagem fá-lo enriquecer e fazer
bem aos amigos e mal aos adversários tidos por ele como inimigos.
Portanto, junto dos cegos, surdos e mudos que habitam naquele Estado
que ele governa, esse homem injusto que parece ser justo, sem sê-lo,
granjeia melhores honras do que o justo.
Caro
irmão Doka, tantos parecem ser justos sem sê-lo. Mas tu, que lutas
contra essa aparência, por isso mesmo, te tornaste um alvo abater.
Mas nem por isso deixaste de lutar. Os atenienses fizeram o mesmo,
condenando o Sócrates a morte, por lhes dizer a verdade. Em Guiné,
quantos já mataram e quantos matarão ainda? Mas em verdade te digo,
um dia irmão Doka, a verdade e a justiça prevalecerão. Os injustos
serão recompensados.
Sou
estudante de filosofia na Universidade Católica em Portugal,
portanto, sei como é perigoso ser justo onde as pessoas já se
habituaram a viver em aparência. Mas com esforço que tens feito,
libertarás muitos irmãos da caverna para a verdadeira realidade.
Mostrando-lhes que não existe a reconciliação sem justiça, porque
“A justiça é a grandeza das nações”, que “Só a prática de
justiça dá firmeza ao trono” (prov 14, 34 e 16, 12), que só “A
justiça produzirá a paz, e daí resultará para sempre
tranquilidade e segurança”. (Isaías 32, 17)
Força!
Na
N´duk
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