quinta-feira, 5 de março de 2015

"J MAIÚSCULA"

Esta mensagem é uma tentativa de resposta ao nosso simpático amigo Emplastro e não só. Pois bem, seja a bem ou a mal, gostemos ou não do que foi o regime de Nino Vieira, humanamente, sentimos na obrigação (política) de concluir os processos que envolvem os crimes de sangue na nossa terra, ocorridos nos últimos anos, sob pena de sermos confrontados, mais uma vez, com situações em que povo seja obrigado a decidir, ele próprio, fazer Justiça "pelas suas próprias mãos". 

Posso adiantar-vos que o apelo do Presente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, para a conclusão desses processos não deve cair em saco roto. Ele é a persecução da intenção do ex-Presidente Malam Bacai Sanhá. Consta, no entanto, que uma das causas da sua morte prende-se com a persistência para que o Estado esclarecesse e sancionasse os implicados nessas mortes.

É minha obrigação informar-lhes, também, de que o tamanho da nossa dor e sofrimento pelos bárbaros assassinatos políticos de Nino Vieira e Tagme Na Waie abalou a nação, tendo atingido a dimensão política resultante da queda das Torres gémeas em 11 de Setembro em Nova Iorque ou até do recente assassinato cometido no dia 7 de Janeiro passado em Paris, no jornal satírico Charlie Hebdo, que mudou o discurso político na Europa e no mundo inteiro.

Faço um desenho para que todos percebam melhor: No México, o Governo capturou, ontem, o líder do cartel dos Zetas, Omar T. Morales (o Z-42), responsável pela morte de 52 pessoas no casino Moterrey em 2011, e muito mais assassinatos cometidos por esses bandidos. Pergunto: será que o Estado mexicano deveria "deitar a toalha ao chão", alegando a "incapacidade" de investigar e capturar o "Z-42", oferecendo "recompensas" aos familiares das vítimas mortais e não só, para abafar os casos? Não foi isso que aconteceu!

Não há, pois, "cheque" deste mundo que faça ressuscitar um ente querido ou que apague a sua lembrança. E não se admite que o Governo de Nhu Pó, na pessoa de Jezabel, na qualidade de Ministra da área, pronuncie um discurso, na cerimónia de novo ano judicial, tentando branquear esses factos políticos candentes na nossa memória colectiva. Os argumentos museológicos, para mim, não pegam.  Na política nacional guineense, os processos envolvendo crimes de sangue são básicos, ou seja, são condição "sine qua non" se pode avançar com mais nenhuma ideia nessa área da governação. Portanto, todos nós escutamos o pedido (exortação) do Presidente da República, José Mário Vaz, no que concerne a esses caso. E tem servido de bússola para todos nós. 

Nô kansa tchora!   

Comentario

7ze deixou um novo comentário na sua mensagem ""J MAIÚSCULA" Esta mensagem é uma tentativa de re...": 

Caro irmão Doka

Esses dois casos (entre os imensos que se poderiam enquadrar na figura do «arrependimento», a favor da verdade histórica) parecem-me paradigmáticos. Quem foi o autor «moral» da morte de Nino? Tagma, que dera previamente essa ordem. Da mesma forma que já fora o assassino de Samba Lamine, o qual ainda tivera a oportunidade de denunciar publicamente às autoridades judicais a perseguição de que era alvo, ao que a «J»ustiça fez ouvidos moucos. Nino foi justiçado por Tagma, que fora justiçado poucas horas por outro dos seus «alvos», o qual, igualmente perseguido por Tagma, tomou a iniciativa em legítima defesa.

Os dois casos que citas, parecem-me pois enquadrar-se na perfeição na justificação avançada para a nova Autoridade, que fala nas graves responsabilidades da justiça, que teria deixado as coisas chegarem a um absoluto estado de inoperância, como constatou Samba Lamine, à custa da sua própria vida. Não funciondo a Justiça, as pessoas são obrigadas a resolver os seus assuntos pelas suas próprias mãos. Que sentido faria hoje procurar apurar responsabilidades, diluídas entre múltiplos autores apenas materiais, sabendo que o verdadeiro culpado está morto? Não teria Nino as suas culpas no cartório, pelas barbaridades que cometera com Tagma? A culpa comeu a própria culpa... Correspondendo ao conceito de «reactividade» de que falava a Ministra. Talvez o executor material do assassinato de Nino, involuntária peça nessa engrenagem viciada, pudesse esclarecer o déficit de verdade e beneficiar da «abertura» oficial da Autoridade.

Mas faz todo o sentido. Vamos sentar-nos e escrever a História da Guiné-Bissau, colocando uma pedra sobre culpas, que desde a morte de Cabral, nos continuam a assombrar? Vamos partir para uma nova era de confiança na Justiça, limpando essas vergonhosas culpas cruzadas, com o detergente do perdão?

Um abraço fraterno 


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