quinta-feira, 12 de março de 2015

DSP Resistirá ao Fracasso da Mesa Redonda?


É legítima a pergunta, tornou-se lugar-comum os desentendimentos entre o Presidente da República, um homem com enorme sentido de estado mais uma vez demonstrado com o apoio total e incondicional a mesas redonda, e o primeiro-ministro, uma personalidade fria e calculista.

Quem abandonar a linha de pensamento que está no certe destas desavenças perde o enquadramento para analisar os próximos episódios desta guerra que na opinião de muita boa gente, acabará com exoneração do primeiro-ministro da Guiné-Bissau.

Os problemas têm origens pretéritas e natureza inconfessáveis, nem um, nem outro os colocarão em praça pública sob risco de arruinaram de uma assentada duas carreiras políticas, no interior do partido é sabido que quem atirou a primeira pedra terá sido o actual primeiro-ministro.

O processo de substituição do primeiro-ministro precipitou-se com a revolta dentro do PAIGC que não se revê na imagem de DSP, nem se reconhece nas políticas designadas de demagógicas e populistas do actual primeiro-ministro e presidente do partido, o PAIGC sempre dirigiu a sociedade impondo-a a sua linha ideológica em nada próxima do actual presidente do partido que é um CPLP(ista) convicto, permita-se-me a expressão. A formação do governo foi um episódio desastroso e degradante, durante a qual se equacionou a escolha de outro primeiro-ministro que não DSP, constituiu o ponto de viragem que marcou o início das contestações, vozes discordantes extravasaram as fronteiras do partido, os guineenses foram invadidos por um profundo sentimento de desilusão com o elenco apresentado, DSP terá perdido o estado de graça.

Do perder o estado de graça até hoje, DSP caminhou por caminhos tortuosos, e porventura ter-se-á perdido algures quando começou a pensar na primeira remodelação governamental. O PAIGC levantou a voz e falou mais alto, de então para cá os caminhos conheceram rotas divergentes, acredita-se que DSP tem “sua gente”, mas não parece ter militante e apoiantes no partido, o problema evoluiu ao ponto de “o presidente do PAIGC ficar na dependência directa do PRS” para sustentar o seu governo, assim que o PRS concretizar uma qualquer primeira exigência, DSP evoluirá para a situação de “REFEM” do PRS sem poder contar com apoios dentro do próprio partido.

É com este cenário de fundo que o primeiro-ministro avança para a mesa redonda, ela em si, não tem qualquer utilidade prática ou proveito para o país, é apenas um instrumento para ganhar tempo. As mesas redondas já pouco dão aos organizadores, os maiores doadores, a China por exemplo, preferem políticas de cooperação bilaterais. Mas a aposta numa intensiva campanha de informação e desinformação, com o objectivo de criar um ambiente de imersão total em noticias favoráveis a imagem de DSP, continuam a surtir efeito parcialmente junto da opinião publica estrangeira e da comunidade internacional em geral, contudo, DSP não assim o seu problema, apenas ganha tempo, porque a comunidade internacional, está provado pelo golpe de 12 de Abril, nada pode contra assuntos de fórum interno.

O que vai causar moças ao plano calculista e frio do DSP, é a personalidade dura, irreverente e exigente do Presidente José Mário Vaz, um homem que não tem medo de caminho difíceis, a forma como protagonizou uma ascensão meteórica até a presidência da república, são disso mesmo prova, JOMAV não só é ambicioso, como realista e consequente nas suas determinações, é um homem que age por convicção, tendo já dado mostras de que não cederá na sua linha de rumo, apontado a nação e ao povo o caminho mais difícil de todos: Caminhar, lutar, e triunfar com base no trabalho e na produção interna, e consequentemente colher os proveitos dos nossos resultados, recursos e vitorias na sua plenitude e cabalmente.

DSP atingiu o estado de DESGRAÇA total, a contestação interna atingiu o seu pico pouco antes do apoio do Presidente JOMAV a mesa redonda, pelo que será difícil a este perdoar ao primeiro-ministro um fraco ou mau desempenho em termos de resultado, alias, DSP arriscou-se em demasia avançando para a mesa redonda na conjuntura actual, interna e externa, o objectivo de 500 Bilhões de CFA colocados para a mesa redonda, espelham dele uma imagem de pouca seriedade, porque é um valor irrealista, nada razoável, sem sustentação e sem cabimento na conjuntura actual. Resta saber se o tempo ganho lhe permitirá conceber estratégias para reverter os "handicaps" políticos com que está confrontado.

Ariscamo-nos a dizer que DSP será exonerado mais cedo ou mais tarde, porque: 
1º Não é capaz de colaborar com este presidente, 
2º Está a presidir o partido errado, DSP hoje estaria melhor na liderança do PRS, o partido que o terá lançado num dos seus governos
3º Acima de tudo, porque o PAIGC tem uma dimensão que não cabe nas mãos do seu presidente.

Outro especto a reter, é que o PAIGC é talhado para o caminho que JOMAV tem apontado, luta, sacrifício, controlo total da sociedade por parte de entidades nacionais, em claro contraponto com o primeiro-ministro que parece dar demasiada satisfação no estrangeiro (Angola, Portugal e Cabo-Verde) colocando por vezes o centro de decisões fora do país.

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