Replica ao Deputado Sola
Nquilim Na Bitchita
Na sessão ordinária da Assembleia
Nacional Popular, do dia 27 do corrente, ficou marcada com a intervenção do deputado
Sala Nquilim Na Bitchita, um dos dirigentes do Partido da Renovação Social
(PRS), que há anos se destaca como a segunda maior força política, ou seja, a
primeira da oposição. Durante a sua fala, Sola afirmou ser inaceitável que
figuras que cometeram crimes durante o período
de transição que se seguiu ao golpe militar estejam a passear impunemente no
país, enquanto os dirigentes derrubados pelo movimento se encontram no
estrangeiro contra as suas vontades.
Ainda, o deputado defendeu
ser um absurdo, o facto que figuras como o ex-presidente interino Raimundo
Pereira, o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o ex-ministro da Defesa e
líder partidário Iancuba Indjai não possam regressar ao país, depois da retoma
da normalidade constitucional, com a realização de eleições e posse de novas
autoridades, em 2014. Pois, considerou que ainda não há condições de segurança
para o regresso ao país dos líderes derrubados no golpe de Estado de 2012, por
isso, pediu ao Governo para as criar.
Ouvindo tudo isso,
infelizmente, lamento bastante da impetuosa vontade e prazer dos nossos
políticos em insinuar e difundir sempre uma imagem de país de instabilidades e
conflitos. Jamais lhes apetecem em enaltecer algo reconhecidamente positivo dos
guineenses, e sim, relutantemente conspiram para ridicularizá-los.
Eu, modestamente,
defendo que a qualquer cidadão assiste todo direito de regressar ao país, seja
lá quando for que lhe apetece. Porém, nesse tom da intervenção do Sr. Deputado,
transmite do país, um clima de caça aos bruxos, quando bem sabemos que o
ambiente da vivencia política e social do país é de extremo sossego e paz. Ou
melhor, não tem indicio algum de perseguição e ameaça contra integridade física
de qualquer um. Tanto que, alguns dos nossos concidadãos vitimas de algum
movimento militar e político, e antigos dirigentes políticos do país depostos
em consequência de golpe do Estado de 12 de Abril de 2012, regressaram ao país,
e por lá fazem tranquilamente as suas vidas. Pelo menos até então, não foi
registrada alguma denuncia de ameaça e tentativa de retaliação contra as suas
integridades física.
Adiato Nandigna e
Fernando Gomes, foram antigos dirigentes políticos do país antes de 12 de Abril
de 2012, que depois foram para Portugal por algum tempo, igualmente, Carlos
Gomes Jr. e Raimundo Pereira, mas, os dois primeiros voltaram voluntariamente
ao país, levam tranquilamente as suas vidas por lá, e, porque razão as demais
figuras devem merecer outra cortesia para se regressarem?
Alias, curiosamente, gostaria
de saber, por onde andava o Sr. Deputado, que lhe faltava garganta em levantar
a sua voz de incansável ativista dos direitos de segurança dos cidadãos
guineenses, quando Faustino Imbali foi barbaramente espancado e impedido de
viajar para tratamentos médicos?
Por onde andava o Sr.
Deputado, quando os familiares do Presidente Nino, General Tagme, Helder Proença,
Baciro Dabó e Tito Intchala, exigiam a garantia dos seus direitos em assistir julgamento
dos assassinos dos seus entes queridos.
Por onde andava o Sr.
Deputado, quando Pedro Infanda, em exercício da sua profissão, sendo advogado
constituído pelo Contra-almirante Bubu Natchuto, em sua defesa, foi brutalmente
espancado, e padecia bastante para conseguir uma junta medica, a fim de se
tratar.
Por onde andava o Sr.
Deputado, quando os familiares do Roberto Cacheu faziam e fazem mil correrias
para obterem a informação do paradeiro do seu membro, até então, sem sucesso.
‹O dirigente
do Partido da Renovação Social (PRS) afirmou ser inaceitável que figuras que “cometeram
crimes” durante o período de transição que se seguiu ao golpe militar estejam a
“passear impunemente” no país, enquanto os dirigentes derrubados pelo movimento
se encontram no estrangeiro “contra a sua vontade”.› (http://www.odemocratagb.com/deputado-pede-seguranca-para-que-lideres-derrubados-possam-voltar-ao-pais/)
Essa acusação do Sr. Deputado é muito
vago, o que demostra ressentimento e ódio recalcado contra os dirigentes
políticos do período da transição após golpe de 2012, porque, senão for, pelo
menos que seja mais imediato na sua acuacusação.
Caro deputado, já é tempo de assumirem
seriamente as devidas responsabilidades, e deixarem de politiques movidos de
ambições egoístas. Pois, já estamos fartos de ver desenvolvimento do nosso país
a ser comprometido, assim como, nossos futuros e dos nossos irmãos a serem
adiados.
Viva Guiné-Bissau,
Viva unidade nacional,
Viva paz e desenvolvimento.
“Um dia no
kabas na sabi, nona kume toku no limbi mon.”
Florianópolis, SC; Brasil, 28/02/2015
Nataniel Sanhá (Velho Nael)
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