domingo, 1 de fevereiro de 2015

 A MEMÓRIA DE FAFALI KOUDAWO


Fernando Casimiro



Nunca é tarde Sr. Primeiro-ministro, ainda que seja a título póstumo, o reconhecimento de figuras como o nosso irmão Fafali Koudawo.
É certo que todo este reconhecimento póstumo teria sido uma honra ao falecido se, concedido em vida, mas o que importa daqui para a frente é que Fafali Koudawo também contribuiu, depois da sua morte, para a consciencialização das autoridades guineenses sobre o valor dos Homens e Mulheres que fazendo a diferença pela Positiva, em prol do nosso país e das populações, merecem, em vida, não por reivindicações próprias, mas por gratidão nacional, um Reconhecimento Nacional nas suas múltiplas formas.
Obrigado Sr. Primeiro-ministro pela coragem em assumir em nome do país, a infelicidade e a injustiça de se ter recusado a concessão da nacionalidade guineense ao nosso irmão Fafali, em vida, infelicidade e injustiça agora corrigidas a título póstumo.
Obrigado igualmente pela profundidade das suas palavras em jeito de reconhecimento/homenagem ao Prof. Doutor Fafali Koudawo.
Isto é importante para daqui em diante passarmos a ser mais humanos, mais fraternos e dignos com o próximo.
Isto é importante para aprendermos que estamos todos de passagem por este nosso mundo e, por isso, importa vivermos em harmonia e respeito.
Que a humildade seja o peso de equilíbrio nas decisões e acções dos nossos governantes.
Que a alma do nosso irmão Fafali Koudawo descanse em paz!
Bem-haja!
Positiva e construtivamente,
Didinho 01.02.2015
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À MEMÓRIA DE FAFALI KOUDAWO
Este faz parte do rol de privilégios que todos certamente preferimos não ter, ou pelo menos não exercer…
o de falar em despedida de um amigo e sobretudo de alguém com esta estatura e dimensão…
Fafali Koudawo era grande em todos os domínios e competências. Enquanto homem, enquanto analista ou enquanto académico: cientista político, historiador ou sociólogo. Quem tinha a oportunidade de conversar com Fafali descobria tratar-se de uma mente ordenada e muito desenvolvida. Quem lê seus escritos e dissertações, certamente compreende uma linha de pensamento coerente e objectivo. Quem observou sua postura terá se surpreendido com a sua deslumbrante humildade, mesmo que guardando sempre uma impressionante verticalidade.
Fafali era intelectualmente honesto. Tinha convicções e as defendia de forma assumida e declarada. Mas tinha sobretudo uma linha de análise bastante estruturada. Conhecia a história das coisas, ia à raiz das substâncias, tinha um rol de referências e sabia comparar as grandezas. Associava a esta elevação um pragmatismo que sempre nos surpreendia.
Fafali era crente e cristão, e por isso se achava sempre limitado, mesmo naqueles tributos em que todos lhe reconheciam Excelência.
Hoje, tudo parecerá claro e evidente… mas também terrivelmente tardio…
Fomos muito infelizes ao retardar o direito do Fafali portar e exibir a nacionalidade. Ele conquistou e suplantou esse direito pela identificação com os valores mais nobres que seguimos perseguindo para a construção da nação prometida; seus feitos e factos sempre o colocaram no pedestal da representação do que a Guiné teve de mais nobre e mais culto.
Hoje, o Conselho de Ministros acaba de outorgar a Fafali Koudawo, a título póstumo, o estatuto de cidadão nacional, com a esperança de redimir deste destino já fatal; cumprir o preceito de uma homenagem mais que merecida e nos justificarmos perante quem tem seu sangue e seu nome.
Mas, visamos ainda, enquanto membros desta entidade do poder dos homens, estancar uma distorção hereditária e social, conferindo aos herdeiros de Fafali, a plenitude dos direitos legais que este país manda aplicar. O resto, julgamos saber, o Fafali já os legou pelos ensinamentos de que os não terá poupado.
Fafali era um «Homem Grande» e estes normalmente não se circunscrevem a espaços, a momentos, nem às vontades. Estes limitam-se a existir e, na sua interação quotidiana com a realidade, vão deixando impressões e sinais que aqueles que os seguem, muitas gerações seguintes têm de decifrar, para de facto acederem aos ensinamentos de incalculável valor e pertinência assim deixados.
Ellen G. White, numa dedicatória no seu livro “o último trem” dizia: «a maior necessidade do mundo é de homens - homens que no intimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exacto; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é recto, ainda que caiam os céus».
Flavien Fafali Koudawo, Professor, amigo, conterrâneo. Pai, marido, irmão, Camarada. Foste demasiado cedo para tantas tarefas que ainda cá tinhas. Eu próprio questiono: quem agora responderá às várias inquietudes e as interrogações que te dirigia; Quem poderá cuidar em teu lugar e à tua maneira do Colinas do Boé; Quem apontará com a tua precisão e acutilância mas também com a tua neutralidade, o ponto de equilíbrio do nosso incessante debate político. Quem lerá os meus rabiscos sempre desordenados e com dois toques fazê-los textos.
Sim, arriscamos ficar de novo órfãos, apesar de que , 1973 já devia nos ter ensinado ser esta a sina de quem tem Homens tão grandes.
Parece irem sempre mais cedo que o seu tempo. Que seja então porque Deus tem outras missões a lhe confiar e que estas incluam o olhar por nós, por este seu povo, repartida por vários quadrantes, da Guiné e do Togo, pela África e um pouco por todo o mundo.
Até sempre Fafali!
© Domingos Simões Pereira

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Não sabia que o Professor Fafali Koudawo estava doente, nem tive acesso a fotos demonstrativas de possíveis problemas relativamente ao seu estado de saúde com sintomas de doença grave.
E quando vejo, um dia após o seu falecimento, fotos tão elucidativas de uma precariedade do seu estado de saúde, não posso deixar de manifestar a minha revolta, toda a minha revolta por se ter "abandonado" um HOMEM que FORMOU muitos guineenses; um HOMEM que ajudou a projectar a PAZ para a Guiné-Bissau; um HOMEM que está "plantado" em muitos guineenses, de cuja colheita a Guiné-Bissau tem colhido e continuará a colher, bom produto, ao longo de gerações.
O Prof. Doutor Fafali Koudawo continuará "presente", porquanto ter sido em vida, um mensageiro de Deus, à Guiné-Bissau!
Fiquei a saber há uns anos, que um ex-Chefe do Governo da Guiné-Bissau lhe tinha recusado o pedido de aquisição legal da Nacionalidade guineense. Ele que por tantos anos na Guiné-Bissau; por ser casado com uma cidadã guineense, com quem teve filhos... e por tudo quanto fez pela Guiné-Bissau e pelos guineenses... Meu Deus, que ingratidão, que injustiça, tomando em consideração a mensagem partilhada há 2 dias pela nossa mana Joacine Tavares Moreira...!
Mas volto atrás, para questionar se, apenas devemos reconhecer e homenagear os mortos?!
Se as actuais autoridades guineenses sabiam do estado de saúde do Professor Doutor Fafali Koudawo, o que custava ao país, um simples e humilde gesto de gratidão, de reconhecimento, de quem, na prática, FEZ MUITO pela Guiné-Bissau e pelos guineenses...?!
Com tanta gente reconhecida e homenageada em Dezembro passado, pelas autoridades da Guiné-Bissau, nem sequer se lembraram do Professor Doutor Fafali Koudawo... que lamentável!
De Cabo-Verde, o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos Fonseca, reagiu de imediato ao saber da triste notícia do falecimento do Prof. Fafali Koudawo, partilhando a sua singela homenagem ao falecido.
Das autoridades da Guiné-Bissau, país onde curiosamente um dos mais brilhantes intelectuais africanos decidiu viver, construir família e partilhar conhecimento, que tenha conhecimento público, à hora em que escrevo estas linhas, nem uma palavra...
E é assim, a vida e a morte de quem nasceu para servir...! Didinho 24.01.2015

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