quarta-feira, 3 de setembro de 2014

RUMO A 11 DE ABRIL…
Parece anedótico, mas não, a empresa chama-se “Bauxite Angola”! Sim, na Guiné-Bissau, foi apelidada uma empresa estrangeira com este nome. Ela não é fictícia, existiu na realidade. Operou até de 12 de Abril de 2012. A “Bauxite Angola” traz-nos recordações de um período sombrio da governação na Guiné-Bissau. Época em que as concessões públicas não obedeciam critérios legais e transparentes. Refiro-me a governação “cadogista” que geria a coisa pública como se da sua empresa pessoal tratasse.
A “Bauxite Angola” foi menina dos olhos de Angola, a ponto de ser considerada para os angolanos, o móbil do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012. O analista político angolano, Amilcar Xavier, entrevistado pela RFI, a 3 de Maio de 2013, considerava bauxite na Guiné-Bissau como um interesse estratégico de Angola. Dizia o analista que a sua exploração era como consagração da vitória do Estado angolano que conseguiu ganhar a vantagem no direito de concessão que as autoridades guineenses deram ao seu país em detrimento de outros países que igualmente tinham interesses, referindo-se concretamente os EUA, a França e a Nigéria. Xavier alegou ainda que, aos olhos de vários analistas angolanos, o interesse desses países pelo mineiro em causa, os terão levado a instigar os militares guineenses para que o golpe de Estado se consagrasse.
Ora, vira o disco, toca o mesmo! Agora, com o regresso à normalidade constitucional, a “Bauxite Angola” voltou mais petulante querendo “comprar”, das novas autoridades guineenses, o regresso aos tempos da velha senhora. Segundo foi noticiado, ontem, dia 2 de Setembro, a convite do Governo da Guiné-Bissau, o Ministro dos Recursos Naturais, Daniel Gomes, terá reunido com os representantes das empresas Bauxite Angola e GB do fosfato de Farim. Os representantes angolanos não podiam ser mais claros nos seus propósitos, enquanto o ministro, Daniel Gomes, dizia, à imprensa, que o fosfato e bauxite só serão explorados após a observância da avaliação de estudo do impacto ambiental e a viabilidade económica, procedimento que nunca foram cumpridos, no passado, Bernardo de Campos, Presidente do Conselho da Administração de “Bauxite Angola” desfraldava a bandeira do dinheiro, dizendo que a sua empresa vai investir mais de quinhentos milhões de dólares nesse setor, e, inclusive, para alavancar a economia do nosso país. 

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