sábado, 6 de julho de 2013

RECORDAR OU REVER??? ICEBERG??? HUM!!!

“KAINGA NA KANSA NHA ERMONS”

Recordemos do caso Pedro Mantorras que correu os jornais em Portugal em 6 de Março de 2007. No dia 1 de Janeiro desse ano, o internacional angolano passaria a manhã no tribunal do Seixal por ter sido apanhado por uma brigada da Polícia de Segurança Pública (PSP), que o teria mandado parar pelas 9, 30 horas, quando se dirigia para o Caixa Futebol Campus, no Seixal, a conduzir com carta angolana, considerada, na altura, inválida em Portugal. Passado uma semana, no dia 12 do mesmo mês, os jornais noticiavam que as autoridades angolanas estariam a executar uma ação sem precedentes, uma mega operação de fiscalização intensiva de cartas de condução estrangeiras junto de todas as fronteiras de acesso à província de Luanda. E que várias centenas de portugueses foram alvo de ação policial, acabando, quase na totalidade na Policia de Luanda, para onde teriam sido encaminhados. A medida foi nesses dias tomada como “retaliação administrativa” relativa ao “caso” Mantorras. Também dizia-se que portadores de cartas de condução de outras nacionalidades não eram fiscalizados. 

Ora, isto tudo para dizer quê? Que o “caso” Mantorras, é uma pontinha de iceberg, sobre as atuações premeditadas das Brigadas de Transito em Portugal. O surgimento de condutores de origem africana na via pública parece suscitar sempre nos polícias portugueses um sentimento hostil, movido pela vontade de represália. Um choque de culturas? Em todo o mundo, as cartas de condução da Guiné-Bissau, apenas são inválidas em Portugal, alegadamente, pela sua suposta aquisição fraudulenta. Desde logo, os seus portadores podem incorre-se em infração muito grave. Não precisam de cometer nenhuma violação das regras de trânsito. Todos sabemos que a corrupção não tem pátria, mas mesmo assim as autoridades policiais preferem orientar-se como um rebanho de ovelhas pela estigmatização do nosso país. Há preconceitos para todos os gostos a este nível. Recordo-me de um juiz, julgando uma senhora guineense num dos tribunais da zona de Alverca. O magistrado, para sancionar a ré e decretar a apreensão da carta de condução, utilizou o argumento de que na Guiné-Bissau não havia semáforos nas vias públicas. Ou seja, para que em Angola surgissem semáforos foi necessário que o “caso” Mantorras transformasse em “milagre das rosas” e fizesse luz!

Por isso, apelamos, as autoridades de transição que entre outras diligencias organizativas a ter em atenção nesse âmbito, que adote com brevidade o princípio de reciprocidade em relação aos automobilistas detentores de carta de condução estrangeira.  Pois, a corrupção não tem pátria!

Abraços!

1 comentário:

  1. Isso seria descer ao nível da psicologia doentia dos angolanos, e especialmente injusto no que se refere aos portugueses em Bissau, os quais foram dos primeiros a repudiar a acção do seu próprio governo, há pouco mais de um ano atrás.

    Um abraço

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