quinta-feira, 11 de julho de 2013

GATO ESCALDADO…

No amor, aprendi que não há dinheiro que compre o coração. Podemos até comprar uma pessoa, mas nunca alcançamos os sentimentos dela. A alma humana é o coeficiente da nossa educação e da própria história. Mas, há seres humanos que preferem trilhar o caminho da ligeireza e da bajulação. Depois estranham-se pela tração ou desobediência dos seus pares. E quando se deparam com estorvos, começam a adotar atitudes despóticos como forma de corrigir as suas esposas. Na maior parte dos casos, esse tipo de casamento, a parte mais bela são apenas as recordações do noivado. Portanto, o resto do tempo de vida em família torna-se num calvário, por vezes até ao esvaecimento total. O que significa que haverá por ai muitos lobos com pele de cordeiro a vender flores e paraísos…  

Para mim, a analogia encaixa! Estou a falar na relação entre o noivo (o candidato) e a noiva (o povo), no período de escrutinação. O sociólogo são-tomense, Hector Costa, qualificou o processo de fenómeno “Banho”, tendo-o definido de seguinte forma: relações sociais de clientelismo, que (…) ganha forma dramática no contexto das campanhas eleitorais”. Diz Costa que é através desta prática que, os recursos como dinheiro, alimentação, mobílias, vestuários, emprego, habitação, automóveis, bolsas de estudos, são garantidos, sobretudo, para os apoiantes dos partidos ou candidatos (as), em troca de votos nas urnas”.
Como diz o sociólogo, o fenómeno é novo nas nossas sociedades e só ganha quem tem poder económico. E resulta, por um lado, da degradação vertiginosa das condições de vida das populações, por outro lado, do défice da educação para a cidadania. Para ele, o único momento em que o povo é “atendido” e encarado como “gente” pelos agentes político-partidários, é durante a campanha eleitoral. Portanto a duração de legislatura é o período de calvário do povo. Nota Costa que “é ilusório e demagógico, exigir de uma população que sofre diariamente com o fenómeno do desemprego, com a fome, deficiente assistência médica e medicamentosa, degradação habitacional, que não se exponha à “ Banho” ou que não comercialize à sua consciência. No que concerne ao défice da Educação para a cidadania constatada por este autor, tende a relacionar o estímulo de competências participativas e interventivas à cultura política instituída após às independências dos nossos países, em 1975. Para ele, os fatores históricos, como por exemplo, a herança política participativa no regime de partido único, marcadamente autocráticos, e pela violação dos direitos humanos, não permitiram criar e desenvolver uma cultura educacional favorável ao exercício da cidadania. Recordou ainda que o voto secreto e sufrágio universal foram introduzidos, em São Tomé e Príncipe, em julho de 1975, aquando da eleição da Assembleia Constituinte, mas durante o regime do partido único, o voto secreto seria abolido e substituído pela votação de braço no ar. Estes fatores, então, terão contribuído para a impreparação técnica e cientifica para a promoção de uma sociedade participativa e interventiva.

O fenómeno “Banho” insere-se no contexto das relações de luta de classes. Uma realidade nova em Africa, que, a todo o custo, se pretende institucionalizar. O fenómeno até parece vigorar-se apenas nas novas democracias dos países lusófonos. E se no interior dos nossos países se processa desta forma, no exterior é obsequiado e revigora, pela falta de capacidade soberana na emissão dos boletins de voto. Esta situação tem dado oportunidade para que haja ingerência nos assuntos internos dos nossos países. Ao encomendar os boletins, por exemplo, em Portugal, como alias tem acontecido nos últimos quinze anos, estamos, a partida, sujeitos a comprar gato por lebre. Os editores externos dos boletins têm, obviamente, a tentação de emitir boletins a mais, relativamente à quantidade inicialmente solicitada. Quantidade que depois de secreta e cuidadosamente preenchidos, poderão ser introduzidos nas costas do povo em áreas eleitorais de fraca influência dos candidatos do agrado da minoria poderosa.


Abraços!  

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