CARTA
ABERTA AO SENHOR PRESIDENTE BARACK OBAMA
Excelência,
Na
qualidade de cidadão livre da Guiné-Bissau, tomei o expediente de
lhe dirigir estas breves palavras, dizendo-lhe que o povo guineense é
trabalhador, consequente, guerreiro, sobretudo digno, e que também
sempre olhou outros povos amantes da liberdade e democracia, como o
povo norte-americano, como referência. O nosso povo não se define
pela pirataria, terrorismo e atos de banditismo internacional. O
guineense é um povo humilde, orgulhoso de si, livre, como disse
Amílcar Cabral, “ser ele próprio senhor dos seus destinos”.
Sabe, senhor Presidente que no dia 2 de Abril passado,
foi raptado no solo pátrio um cidadão guineense, ex-Chefe de
Estado-maior da Marinha, e antigo combatente da liberdade da pátria,
José Américo Bubo Na Tchuto, alegadamente pelos agentes ligados ao
DEA do combate ao narcotráfico, encontrando-se, neste momento,
presente em tribunal do seu país, acusado de tráfico de droga e
terrorismo internacional? Será que o senhor Presidente tem
conhecimento de uma intensa campanha de intoxicação da opinião
pública com base em acusações do DEA do combate ao narcotráfico,
contra altas figuras do Estado da Guiné-Bissau?
Senhor Presidente, seja qual venha ser o desfecho do
julgamento de um dos símbolos vivos da libertação do meu país,
asseguro-lhe de que não haverá hipoclorito de sódio capaz de
limpar esta nódoa pusilânime que atingiu a relação entre os
nossos dois países e povos. Ainda perduram no nosso país os
símbolos de cinco séculos de resistência do nosso povo do tráfico
negreiro, da colonização portuguesa, e ainda de enormes sacrifícios
consentidos para a recuperação da nossa identidade nacional, como
um povo dignos e respeitado no concerto das nações. As nossas
instituições judiciais estão hoje mais que habilitadas para fazer
a necessária depuração interna. A estratégia propagandista da
máfia internacional quis na sequência do contragolpe de 12 de Abril
de 2012, implicar o seu país na jogada neocolonialista em curso. E o
DEA do combate ao narcotráfico caiu na cantiga, praticando ato de
banditismo no meu país. Estas provocações, senhor Presidente, têm
sempre efeito dominó!
A máfia internacional assenhoreou-se dos governos de
Portugal, Angola e Cabo Verde. São indivíduos perigosos, sem rosto,
ligados às atividades ilegais, conservadores, infiltrados nos
aparelhos do Estado em todo o mundo. Se outrora, para eles, o
africano era considerado ser incivilizado e sem história, e
consequentemente subjugável, hoje mantiveram os mesmos objetivos e
mudaram-se as estratégias. Lançam anátemas para legitimar a
agressão aos outros povos. O atual governo de Portugal apoiado pelos
seus antigos súbditos incriminam a Guiné-Bissau pelo tráfico de
droga, mesmo cientes dos tormentos que os países da Africa Ocidental
estão passar pelo trânsito da droga pelas suas águas territoriais,
produzida, embalada e expedida da América Latina para o resto do
mundo.
A justiça do seu país, senhor Presidente, teve a
aquiescência de entrar na confusão lançada pela máfia
internacional. É por este motivo que, de joelhos sobre espinhos,
rogo a Vossa Excelência no sentido de mandar assestar também o meu
nome, e inclusivamente o do queixoso, Carlos Gomes Júnior,
ex-Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, na lista dos suspeitos do
narcotráfico, de tráfico de arma para a FRAC e de conspiração
contra os EUA. O repto é justo e gostaria, do fundo do meu coração,
que levasse a serio este meu pedido. Pois, não admitirei mais
tamanha humiliação. A era em que as caravelas vinham sugar o
continente africano de homens para as plantações nas Américas,
passou! Desejo ser julgado pela sábia justiça americana em Nova
Iorque. Quem sabe assim se dá por terminada toda esta campanha
execrável e estigmatizante
de Portugal, Angola e Cabo
Verde, contra o meu povo digno e
trabalhador.
Pede deferimento
Deus abençoe Guiné-Bissau e os EUA
Nababu Nadjenal
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