NEGAÇA DOS 40 MILHÕES DE EUROS
Não sou economista, mas também não
posso ser ingénuo a ponte de imaginar (sonhar) que o financiamento de 40 milhões de euro disponibilizados por Portugal não serão contabilizados como
investimento daquele país no estrangeiro. Pura ilusão! O gesto significa que
Portugal aplicou capital com o intuito de obter um valor suplementar. Por isso mesmo, precisamos, mais do que nunca, de ser responsáveis, para que esse financiamento (doação) não se evapore, como tem acontecido com tantos outros, desde à nossa independência.
O chefe do Governo português, Pedro
Passos Coelho, foi explícito na sua comunicação, após a assinatura, no dia 6 de Julho, do Programa
Estratégico de Cooperação Portugal-Guiné-Bissau, até 2025. Dirigindo-se a uma
delegação de empresários portugueses que estavam, também, em visita ao nosso país,
disse o seguinte: “Faço um apelo aos empresários aqui presentes para que
explorem as mais-valias e a oportunidades potenciadas pelo desenvolvimento da
Guiné-Bissau”. Senão, e já no sentido contrário, não ouvimos o mesmo apelo aos
empresários guineenses, por parte do nosso actual Primeiro-Ministro, Domingos Simões Pereira.
E sobre a execução de projectos?
Alertou Passos Coelho que “o ritmo de execução depende dos projectos que vierem
a aparecer”, muito embora já tivesse esculpido (espiritualmente) o figurino dos projectos, dizendo
que o importante é que os projectos "estejam bem alicerçados e que depois de serem
executados vão ao encontro do que são as necessidades de diagnósticos que
constam do programa de cooperação".
Na minha opinião, não passa de um
engodo, a questão de que o ritmo de execução depende dos projectos que vierem a
aparecer, visto que em termos de "oportunidade de negócio" Passos Coelho
dissera: “Temos condições para não perder muito tempo e começar a executar alguns
desses projectos.
Os 40 milhões podem não chegar a
2025, como consta no programa de cooperação. Porquê? A ideia deduz-se do que
disse, também, Passos Coelho: “(…) Não temos uma fatia destinada a cada ano e é natural
que uma parte importante do financiamento se possa concentrar nos primeiros
anos”. Aqui, a ideia toma já uma dimensão mais abrangente, geopolítica, de demarcação territorial...
E já deu para entender, portanto, que existe uma "torneira" de onde brotarão as verbas. Ela tem sede em Lisboa e controlada à partir de lá. Mas, o outro mecanismo de controlo, maior, da "torneira brotando verbas", e que servirá de chantagem política, são as instabilidades políticas cíclicas
na nossa terra. Passos Coelho referiu isso claramente ao dizer o seguinte: “apesar
dos importantes progressos já alcançados, a situação permanece frágil. A
credibilidade alcançada dependerá, em muito, da manutenção da estabilidade
política”.
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