NOVAS HABITAÇÕES SOCIAIS EM BISSALANCA
Com a actual dinâmica económica e social em que o país
se encontra, como se pode estar a falar em tipologia T2, T3 e T4 para albergar
os actuais residentes dos bairros de Reno e de Mindará, em “função do agregado
familiar”? A falar desta forma, podemos partir do princípio de que o Governo
estará a relegar para último plano os factores estruturantes e culturais dos
residentes, há mais de um século, desses bairros. Pergunto: qual a noção de “agregado
familiar” que o executivo vai adoptar? Será que este Governo se preocupa em saber o significado dos nomes: "Reno" e "Mindará"? A ocidentalização da realidade social pode levar
o descontrole total da situação, ou seja, misturar nas mesmas habitações a construir em
Bissalanca: cola, bombolon e crucifixo. O que não deixará de ser dramático e
contraproducente, porque os guineenses não são e nunca se deixaram assimilar na
cultura dos tugas, comparando-os com a maioria dos habitantes de Luanda/Angola. Não se massificam. Portanto,
cuidado.
O Ministro das Obras Públicas, José António Almeida (na foto),
anunciou a parceria com a República da China para a construção de 250 casas,
com a tipologia T2, T3 e T4, para fins sociais, em Bissalanca. Diz-se Aqui que
a habitação poderá vir a albergar os
actuais residentes nos bairros de Reno e Mindará, na capital. O Governo
pretende demolir os dois bairros para "entregar" à iniciativa
imobiliária e começar a construir os novos quarteirões de Bissau, acrescentando
que um levantamento está em curso para atribuir habitações aos residentes
desses bairros, "em função de cada agregado familiar". Mas, porquê que o
Governo não começa, primeiro, a construir, albergar e, só depois disso tudo, demolir os dois bairros?
Ora,
quanto a mim, este projecto cheira a megalomania política deste Governo. Ideias
delirantes do actual executivo. Porque, no meu entendimento sobre a sociologia
do crescimento urbano, as cidades não surgem a partir do nada. Elas aparecem e
o seu crescimento é impulsionado pela indústrialização, comunicação e comércio.
Numa só palavra: emprego! E se nada disso existe actualmente no nosso país, só
podemos concluir que a iniciativa (o projecto) não passa de uma encenação
política por parte do executivo. Não seria honesto e justo se o Governo nos
dissesse assim: “o projecto de construção de habitação visa a venda ou aluguer
de casas, visto que tem estado a ser assediado pelos empreiteiros ("iniciativa imobiliária") e bancos
estrangeiros”?
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