NPUNTA TERRA
RANKA MÊ?
É verdade que sou muito frio, calculista,
crítico e pragmático. È verdade que aceito o aceitável, admiro o admirável,
concordo com tudo o que tem lógica, refuto o absurdo, não admito
impossibilidades, não concebo a vida sem desafios, confio nos outros enquanto
me dão razão para tal, defendo a primazia da matéria sobre a ideia e reservo-me
o direito de pensar e agir de acordo com a minha convicção sem questionar a
liberdade e o direito dos outros, reconheço valores, valências e realizações
sempre que se justifiquem - qualidades que me têm granjeado tantos inimigos e
admiradores por este Mundo fora. E é com base nelas que
assumo a liberdade de analisar o “Estado da Nação” e fundamentar as minhas conclusões
relativamente ao fenómeno “Terra Ranka”, ou seja, “o País está no bom caminho”.
Duma forma geral, essa
expressão denota progresso na remoção dos factores constrangedores do desenvolvimento,
sobretudo na mudança da retrógrada mentalidade motivadora da nossa reconhecida
incapacidade de valorizar, preservar, consolidar e multiplicar as nossas
conquistas – dar continuidade as nossas obras e por conseguinte atribuir
sentido a nossa vida e plausibilidade a nossa existência, enquanto povo e
nação. Por outras palavras, estamos a bater sempre na mesma tecla, (a dar “um
passo em frente e dois passos atrás”), num interminável círculo vicioso que nos
obriga á um permanente recomeço.
Não acredito que o alargamento e asfaltamento
de estradas, a atempada liquidação dos salários da função pública, a
recuperação de infra-estruturas de saneamento básico, o fornecimento de
electricidade e água potável, assim como outras operações cosméticas de
embelezamento da Capital, apesar da sua inegável importância e simbolismo, sejam
suficientes para mudar uma mentalidade construída ao longo de quarenta anos de
desordem, indecência, impunidade e gestão danosa do património público.
Urge recordar que estamos a falar de um
conjunto de tarefas que integram o pacote dos mais elementares deveres de qualquer
Estado que se preza, mas que este Governo pretende exibir de forma
propagandística, esquecendo que tudo isto já tinha sido feito ingloriamente
pelos Governos do Presidente Luís Cabral e do Sr. Carlos Gomes Júnior, porque
infelizmente, em virtude da nossa mentalidade destruidora e apatia face as
ocorrências do dia-a-dia, tudo o que foi feito de bom no nosso País e que hoje
podia constituir motivo de orgulho, desapareceu sem deixar rasto. E esta triste
tendência prevalecerá enquanto não houver uma profunda mudança na nossa forma
de pensar e conceber o Mundo.
A mudança de mentalidade requer tempo,
paciência, um ideal convergente, ideias e projectos motivadores da envolvência
nacional nos esforços de consolidação da paz e da estabilidade sociopolítica,
assim como na criação e distribuição equitativa da riqueza nacional – UM DESÍGNIO NACIONAL.
O povo vota nos seus ídolos, naqueles que
acredita estarem em melhores condições de o representar num determinado
contexto histórico (tendo em conta as exigências da época), assim como de estabelecer
uma hierarquia de prioridades e definir os instrumentos necessários ao sucesso
dos seus empreendimentos. Os eleitos do povo devem servir ainda de fonte de
inspiração comportamental, revelando atitudes irrepreensíveis no que se refere
a observância da lei e das regras que norteiam a sociedade – ENSINANDO O POVO A GERIR
MELHOR OS SEUS SENTIMENTOS NEGATIVOS, FRUSTRAÇÃO OU RAIVA INADEQUADA,
RESSENTIMENTOS E SENTIMENTOS DE DESAMPARO E ENCARAR O FUTURO COM ESPERANÇA. Assim que o povo aprenda a assumir e
a procurar soluções para os seus próprios problemas, o seu raciocínio começará
a tornar-se mais claro, resultando em mudanças positivas que lhe atribuem capacidades
para usar todas as informações disponíveis para curar as feridas do passado e
deixar de lado esses sentimentos destrutivos e ilusoriamente incapacitantes.
Dos membros deste Governo que simboliza a
mudança geracional do Poder, esperava-se uma atitude diferente daquela que tem
caracterizado o nosso passado e que por ideia, devia servir de alicerce à uma
nova e longa caminhada no difícil percurso da criação duma nova mentalidade
social, tendo em conta os valores da sociedade que almejamos para as gerações
vindouras. Entretanto as expectativas goraram-se, o sonho virou pesadelo e como
sempre, há que recomeçar tudo de novo, com outras ideias e outros personagens,
reconhecendo o falhanço deste Governo que com exemplos de arrogância, avidez de
poder, corrupção, roubo, saque e depilação do erário público, desobediência à
Lei, impunidade e desrespeito à hierarquia constitucional, contribui para
piorar ainda mais uma situação já por si muito complicada – ESTIMULANDO A DESORDEM E O CAOS SOCIAL.
Na minha
modesta opinião, “Terra ka ranka inda”, na medida em que, permanecem intactas
as premissas motivadoras dos conflitos institucionais que estiveram na base da
instabilidade sociopolítica que devastou o nosso País. Nesta ordem de ideia,
reitero a minha modesta convicção da prematuridade ou mesmo da irracionalidade de
exagerar o positivismo deste momento que ameaça espoletar numa autêntica
explosão política.
Este
delicado momento, de desgovernação e de permanente tensão nas relações entre os
representantes dos Órgãos de Soberania, constitui um enorme desafio a nossa
capacidade, enquanto povo, de divorciar definitivamente do passado, levantar as
âncoras e traçar um novo rumo a nossa existência, tendo como horizonte o Século
XXI com as suas maravilhas científicas e tecnológicas, elegendo a
imparcialidade e o espírito patriótico como instrumento fundamental na hora de
avaliar os fenómenos e processos que ocorrem na nossa sociedade, condenar
veementemente qualquer indício de intolerância social e/ou política, assim como
de incumprimento da legalidade constitucional. Finalmente Eli, urge ultrapassar
o medo, dotar-nos de energia e coragem suficientes, para denunciar perante Deus
e a História que, infelizmente, “NÔ GUINÉ KA RANKA INDA”! Má um dia i na ranka!
No dia em
que o ódio, a discriminação, a arrogância, o medo, a mentira, a hipocrisia, a
traição, a intriga, a apatia, a vassalagem e violência gratuitas, a
desonestidade, a impunidade e demais factores de aviltamento da consciência
social e moral do homem cedam lugar a verdade e ao respeito pela dignidade
humana; nesse dia deixaremos de ser governados por corruptos que ainda por cima
reclamam descaradamente por IMPUNIDADE e então, “GUINÉ NA RANKA PA NUNCA MAS E
KA PARA”.
Bem-haja a
Guiné-Bissau!
Bem-haja o
nosso povo!
EDP
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