CRISE DE LIDERANÇA NO PAIGC - "FUGO DI MUNTUDO"
Uma analise empírica do historial do PAIGC, corrobora a tese que patrocina a ideia de uma crise prolongada e irreversível ao nível da cúpula dos libertadores, crise essa exacerbada pela dissonante relação Presidência-Primatura.
As hostilidades extrapolaram o contexto partidário ao ponto das recentes nomeações, do conselho de estado por um lado, e dos conselheiros do primeiro-ministro por outro, dissiparem os resquícios de dúvidas remanescentes. Assiste-se a episódios de opugnação reciprocas e subtis neste triângulo Presidência-Primatura- Presidium do PAIGC, com a primatura a ser encurralada entre as duas entidades que lhe encurtam espaço de manobra a cada dia.
O governa da Guiné-Bissau manobra em espaço exíguo a nível interno, a temperatura polícia está elevada, e a sensação térmica é ainda pior. O Presidente da República que até agora se mantivera reservado nas suas intervenções, tem vindo a intensificar a discordância pública com o rumo que o país leva, sendo imediatamente secundado por alguns dirigentes do PAIGC, analistas políticos, assim como pelo aparelho judicial que vem paulatinamente actuando de forma consistente com o discurso incentivador da presidência.
A opinião publica interna, formada e informada, está ciente da real situação politica que nem sempre é perceptível por um Diáspora já significativa e cada vez mais carente de informação credível sobre o país, mas que por vezes é vitima da distorção e de algum ruído nos canais habituas.
A hodierna crise divide igualmente a comunidade internacional com interesses na Guiné-Bissau. A CEDEAO que detém forças militares no terreno, mantém a sua intransigência em coabitar com qualquer outro dispositivo militar, e tão pouco, deixar espaço livre passível de ser ocupado por entidades sediadas no espaço geográfico, politico ou cultural da CPLP.
A solução para esta equação política tende para uma emergência da cúpula do PAIGC desalinhada com a actual liderança, e tarde ou cedo uma inevitável intervenção presidencial, para acautelar a governabilidade dentro dos parâmetros constitucionalmente previstos.
Crises recentes evidenciaram a impotência da comunidade internacional ante cenários com este padrão, quer na Guiné-Bissau, quer noutros países da sub-região, o principio da não ingerência, conjugado com o da garantia da soberania dos estados, limitam de forma diligente e eficiente a acção externa.
Em termos práticos, aquilo que o povo sente no dia-a-dia, não tem ajudado a amainar esta desgraçada situação em que se encontra o governo, os principais editores da imprensa guineense, formal e informal, têm apontado:
a) Regressão no fornecimento da agua e energia eléctrica;
b) Inutilidade das praças de acesso livre a Internet;
c) Conflito entre membros do Governo e Blogerrs, com destaque para a Ministra da Justiça e o Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros;
d) Indefinição quanto a movimentação do pessoal diplomático e consular;
e) Impasse na situação da madeira confiscada;
f) Desconforto dos comerciantes relativamente as actividades da Bissau Link;
g) ARN (Autoridade Reguladora Nacional do Sector das Telecomunicações) ineficaz perante a crescente contestação em relação aos preços praticados pelas operadoras face a qualidade dos serviços;
São apenas alguns dos mais proeminentes caso internos.
Para culminar uma situação já de si potencialmente explosiva, a acção do primeiro-ministros no exterior, único espaço de manobra em que se movimenta com reconhecido conforto, tem suscitado desconfianças internas, inclusive ao nível da classe castrense até agora a margem da situação politica interna.
A ver vamos.
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