sexta-feira, 11 de julho de 2014

BOAS-VINDAS A MIGUEL TROVOADA…

Os países da língua portuguesa continuam a empurrar os seus peões para a Guiné-Bissau. Miguel dos Anjos da Cunha Lisboa Trovoada, de 77 anos de idade, será o novo Representante Especial de Ban Ki-moon na Guiné-Bissau, em substituição de Ramos-Horta. Recorda-se que este senhor foi Presidente da República de São Tomé e Príncipe, entre 1991 e 2001. A sua amizade com Nino Vieira, levou-o - após o termino do mandato no seu país -  a residir, por alguns tempos, em Bissau. Vivia às expensas da família de Nino Vieira. De salientar que é amigo do Futungo de Belas (do Presidente angolano).

No assassinato de Nino Vieira, em Março de 2009, Miguel Trovoada era uma das poucas personalidades estrangeiras que apareceram em Bissau para as exéquias do falecido Presidente. Nenhum presidente estrangeiro compareceu.  Contavam-se pelos dedos da mão as figuras públicas estrangeiras no óbito de Nino Vieira:  de Guiné-Conacri compareceu  o Primeiro-ministro, Kabiné Komara; o Senegal, fez-se representar por um ministro de Estado, Ousmane Ngom;  Gâmbia enviou uma delegação ministerial liderada pelo ministro da Administração Territorial, Ismaila Sambou; Angola, pelo vice-presidente do Parlamento, João Lourenço; de Portugal e pela CPLP, estava presente o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Recorda-se ainda que Cabo Verde boicotou por completo as exéquias de Nino Vieira, não enviando nenhum dos seus representantes oficiais. Na Cidade da Praia, Osvaldo Lopes da Silva dizia que “Nino teve a morte que mereceu”, os jornais daquele país, como por exemplo “A Semana Online”,   ia mais longe, dizendo que  "Nino Vieira não deixa muitas saudades entre os seus antigos companheiros de armas naturais de Cabo Verde"; que "Era uma figura sinistra"; e para que não se esquecessem  "(…) que foi ele que, a 14 de Novembro de 1980, pôs termo ao sonho de Amílcar Cabral de unir os dois países", etc. etc.. 

Pois, enquanto Cabo Verde, se congratulava pela morte de Nino Vieira, Miguel Trovoada acusava as Forças Armadas pelo ataque e o assassinato de Nino Vieira. Pode dizer-se que foi umas das personalidades que espalhou a imagem negativa das nossa Forças Armadas no mundo. Trovoada nunca equacionou, entre muitas outras coisas, os fatores que levaram a guerra de 7 de Junho de 1998, por exemplo, e que culminou no exilo de Nino Vieira em Portugal. Em entrevista à Angop, Trovoada resolveu traçar, na altura, um quadro negro às nossas Forças Armadas, dizendo que “que os militares não podem colocar-se como árbitros no cenário político, intervindo sempre que considerem necessário, mas sim como uma força neutra que seja o garante da paz e da estabilidade constitucional”, para depois reconhecer que “a morte de Nino Vieria resulta de uma série de acontecimentos que estão intimamente ligados à luta de libertação  nacional da Guiné Bissau, isto pelo facto de alguns antigos guerrilheiros não encontrarem enquadramento no contexto atual”. É de estranhar como as personalidades do universo da CPLP se apresentam tão levianos e ligeiros em criar estereótipos sobre os acontecimentos políticos no nosso país, e a sentenciar, constantemente,  na praça pública, as nossas gloriosas forças armadas.  

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