quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

O Duelo entre Braima Camará e DSP

O Congresso de Cacheu em 2014, inaugurou o duelo entre o Sr. Braima Camará vulgarmente conhecido por Bá Quecutó e o Engº Domingos Simões Pereira, comummente chamado por DSP, ambos altos dirigentes do PAIGC naquele período.

Foi dos conclaves partidários mais disputados não só no seio daquele partido histórico, mas também no panorama político partidário da Guiné-Bissau.
O Sr. Bá Quecutó, um empresário de sucesso, era considerado favorito naquele congresso do seu partido, até que o seu adversário direto, o DSP juntasse aos veteranos reunidos numa candidatura que não tinha condições politicas para triunfar.
A partir do momento em que se consumou a aliança entre o DSP e a ala conservadora dos veteranos, associada as simpatias que tinha na presidência interina do partido que o favorecia claramente, Bá Quecutó acabou por ser derrotado no aludido encontro magno.

O estilo da liderança adoptado pelo DSP, caracterizada pela exclusão dos adversários internos e seus seguidores, precipitou o inicio da crise interna, cujo epicentro foi a expulsão dos 15 deputados do partido que se abstiveram na votação do programa de governação do governo liderado pelo Engº Domingos Pereira e consequente substituição dos mesmos no parlamento, o qual, acabou por ser considerada inconstitucional pelo STJ.

Fiel a si mesmo, o Sr. Bá Quecutó decidiu arregaçar as mangas para o combate político contra o DSP, tendo para o efeito, criado o seu próprio partido político, o Movimento para a Alternância Democrática - MADEM G-15 em 2018.

Com o surgimento desta formação política, o grupo dos 15 decidiram formalizar a sua dissidência no PAIGC, e por à prova o capital político de Bá Quecutó nas eleições legislativas de 24 de Março onde o MADEM G-15 saiu como o principal vencedor político, ao arrecadar 27 deputados, que o outorgou o estatuto de líder da oposição na Guiné-Bissau.  
Estes resultados eleitorais, constituíam a primeira derrota política do DSP com a perda de 10 deputados no parlamento, sem no entanto ignorar a redução por igual número de parlamentares nas eleições legislativas de 2014.

Lamentavelmente, o Sr. DSP nunca fez leitura política objectiva e sensato dos resultados de dois embates eleitorais em que perdeu 20 deputados em menos de 5 anos: Pelo contrario, movido por ódio e sentimentos de vinganças, sempre enveredou combater e humilhar o Bá Quecuto, tendo em alguns casos enveredado por métodos antidemocráticos.
Aliás, a expressão máxima da infantilidade política do DSP, foi quando instruiu o seu grupo parlamentar para rejeitar a candidatura de Bá Quecutó à cargo do 2º Vice-Presidente do parlamento, regimentalmente atribuído a MADEM G-15, para apenas vingar de um líder com o qual nutre um ódio visceral.
Mesmo com a intervenção da CEDEAO e demais organizações internacionais, DSP manteve-se irredutível, ao ponto de criticar publicamente as sugestões da comunidade internacional sobre o assunto da composição da mesa da ANP.
O Sr. Bá Quecuto decidiu retirar a sua candidatura à 2º vice-presidente da ANP, numa altura em que o Presidente JOMAV rejeitava o nome de DSP como o novo PM. 

Sendo um líder nato, dialogante, congregador, sensato, humilde, humano e solidário, Bá Quecuto conseguiu gerir com maior sapiência política o período mais difícil da sua liderança à frente do MADEM G-15,  que era a gestão das delicadas primarias para as eleições presidenciais, as quais viriam recair no General Umaro Sissoco Embaló, hoje proclamado vencedor destas eleições com mais de 53% de votos.

Com esta derrota histórica do DSP, numas eleições organizadas pelo governo liderado pelo PAIGC, consuma-se o falhanço completo da sua liderança à frente deste partido libertador, por nunca ter conseguido aumentar os seus resultados eleitorais, pelo contrario, foi sempre um perdedor nato.
Ao contrario, Bá Quecuto, não só utilizou o seu capital político a favor do USE na cação ao voto, mas também, dirigiu pessoalmente as negociações de procura de apoios políticos de Nabian, CADOGO, JOMAV E PRS para a constituição de uma ampla aliança política que fez cair o DSP contra todas as expectativas nacionais e internacionais.

A criação de um partido político, ganhar o estatuto de líder da oposição nas eleições subsequentes e eleger um dos seus dirigentes como PR, tudo isso em apenas num ano, Bá Quecuto provou em absoluto ser um verdadeiro animal político, um líder astuto que não tem complexos face as suas origens e limitações.

Hoje, com esta vitória retumbante de USE, o Bá Quecutó e seus colegas do MADEM G-15, reconstituíram  a verdade dos factos, restauraram a dignidade política pessoal que era injustamente posta em causa pela liderança autoritária e prepotente do DSP,  provaram que eram indispensáveis no PAIGC.

O Sr. DSP perdeu inequivocamente o duelo que o opõe com o Bá Quecutó e terá de fazer uma opção, entre salvar o pouco que sobra da sua dignidade política, demitindo imediatamente à frente do PAIGC, ou entrar numa fase de contestação aberta e assumida da sua déspota liderança que arrastou o partido ao precipício.      

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