DISCURSO DO NOSSO PRESIDENTE, O PRESIDENTE DE TODOS OS GUINEENSES.
LIBÉRIA- MONRÓVIA
Sua Excelência
Senhora Ellen Johnson-Sirleaf, Presidente da Republica da Libéria e Presidente
em exercício da Conferência
de Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO
de Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO
Excelências,
Senhores Chefes de Estado e de Governo e seus representantes
Permitam-me, em primeiro
lugar endereçar as minhas vivas saudações a Senhora Presidente da Conferência,
ao governo e ao povo liberiano e, agradecer-lhes igualmente pelo excelente
acolhimento e hospitalidade que nos reservaram desde a nossa chegada, neste país,
onde nos sentimos em nossa casa.
Senhora Presidente,
Caros Irmãos,
Esta quinquagésima primeira cimeira da nossa organização comunitária,
realiza-se num contexto marcado por grandes e inúmeros desafios a nível
internacional, continental e sub-regional, em torno dos quais, coloca-se com
mais evidência, a necessidade do aprofundamento e da consolidação do princípio
da solidariedade, da acção comum e concertada, na medida em que, só unidos é
que somos mais fortes e eficazes.
Apesar dos progressos registados em
matéria de consolidação da paz e da segurança, a nossa sub-região, está ainda
confrontada com enormes desafios ligados a segurança, a reforma das
instituições e ao desenvolvimento social e económico dos nossos países.
Gostaria de saudar e elogiar as
corajosas e pertinentes medidas que estão sendo adoptadas e implementadas, no âmbito
da nossa sub-região, com
destaque para a resolução pacifica da crise pós-eleitoral na Gâmbia.
A
Guiné-Bissau exprime a sua solidariedade com os Presidentes Kaboré, Ioussoufou,
Keita, Buhari eOuattara na Luta que estão travando para a Segurança nos seus
respectivos países irmãos e para que os respectivos povos possam viver e
trabalhar em paz e tranquilidade.
A Guiné-Bissau apoia sem
reservas a mutualização dos esforços no quadro do G5 Sahel.
Caros Irmãos,estou
convencido da pertinência das recomendações que nos foram submetidas a nossa
apreciação pelos nossos Ministros, no âmbito da Trigésima Oitava Reunião
Ordinária do Conselho de Mediação e de Segurança.
Senhora Presidente,
Caros
Irmãos,
Notei com enorme satisfação, mas
igualmente com muito realismo, que a situação político-institucionalna Guiné-Bissau
foi mais uma vez apresentada e analisada no Conselho de Mediação e de Segurança
da CEDEAO, e encontra-se agora nas nossas mãos para a sua apreciação. Este
facto é, por si só, revelador do engajamento indefectível da nossa organização
na busca de soluções duráveis para a saída deste impasse político-institucional
no meu Pais. Estejam assegurados, Senhora Presidente e meus caros colegas, de
que partilho estes esforços e esta visão, e continuarei a não poupar as minhas
energias ao serviço do meu povo e dos princípios e ideais que sempre nortearam a
criação e a própria existência da CEDEAO.
Esta
magna reunião, realiza-se num contexto em que a Guiné-Bissau regista progressos
notáveis no domínio económico e com impacto positivo
nas condições
de vida das populações e no cimentar da paz social. Na base do programa retomado
entre o Governo, em funções há seis meses, e as instituições de Bretton Woods,
após ter sido interrompido em 2015, por causa da prática de má gestão das
finanças públicas, os principais indicadores macroeconómicos apontam para níveis
satisfatório, o que tem sido testemunhado pelo FMI.
Os
salários têm sido pagos regularmente, assim como as dividas interna e externa.
A presente campanha da castanha de caju, principal produto de exportação da Guiné-Bissau,
decorre de forma bastante satisfatória, contribuindo para aumento sensível do
rendimento das camadas mais pobres da nossa população.
No
âmbito da concertação social o governo tem vindo a fazer esforços para
respeitar, os compromissos assumidos com os sindicatos da educação e da saúde.
Entretanto,
nos últimos 15 dias, uma manifestação de
um denominado movimento de cidadãos conscientes e inconformados veio semear uma
certa desordem que apelou a intervenção das forças de ordem.
Na
realidade, tratava-se de uma manifestação, orquestrada por alguns partidos da oposição,
na base de uma estratégia baseada na provocação dos manifestantes, atirando
pedras e outros objectos contra as forças da ordem e queimando pneus, o que
resultou no ferimento de 7 polícias e de alguns manifestantes.
O
objectivo da oposição era provocar mortos antes desta Cimeira, e suscitar, em
consequência, a emoção e a condenação da comunidade internacional, para assim poderem
obter ganhos políticos.
Apesar desta situação, o Parlamento continua a não funcionar e, o impasse político-institucional persiste com divergências de interpretação sobre os Acordos de Conakry, o que não tem contribuído para a sua implementação efectiva e cabal. Algumas vozes, dentro e fora do País continuam a questionar a nomeação do Primeiro-ministro e a formação do governo inclusivo.
Apesar desta situação, o Parlamento continua a não funcionar e, o impasse político-institucional persiste com divergências de interpretação sobre os Acordos de Conakry, o que não tem contribuído para a sua implementação efectiva e cabal. Algumas vozes, dentro e fora do País continuam a questionar a nomeação do Primeiro-ministro e a formação do governo inclusivo.
Na
verdade, de Conakry, nenhum nome consensual me foi transmitido, e os Acordos
remeteram tudo ao Presidente da República para proceder, de maneira consensual,
a escolha de um Primeiro-ministro da sua confiança politica, o que foi feito,
assegurando-se do consenso que garanta uma maioria parlamentar estável para
viabilizar a acção governativa.
O Sr.
Umaro Sissoko Embalo, foi o único dos três nomes propostos que obteve o
consenso de mais de 50% dos Deputados. Houve um abaixo-assinado, dirigido ao
Presidente da ANP, dosDeputados do PRS, Deputados dissidentes do PAIGC (Grupo
dos 15), do PCD e do PND, totalizando 55 Deputados num universo de 102.
Com
esta nomeação, o Presidente não violou o Acordo de Conakry, porque este não
prevê a escolha por unanimidade, mas sim por consenso.
Aliás,
convém referir, aqui e agora, que esta nomeação me valeu uma carta do
Presidente da Comissão da CEDEAO, indicando que se tratava de um acto soberano
e que, a partir daquele momento, devia-se trabalhar na formação de um governo
inclusivo, nos termos do Acordo, nomeadamente para permitir a apresentação do
Programa do Governo e do Orçamento Geral do Estado no Parlamento.
Desde
logo, o PAIGC afirma não reconhecer o novo Primeiro-ministro, nem o Governo, e
lidera uma campanha de boicote da implementação de todos os outros pontos
constantes dos Acordos de Conakry.
O
Programa do Governo foi entregue na Assembleia Nacional Popular, e o Orçamento
Geral do Estado já foi aprovado em Conselho de Ministros, e está pronto a ser
apresentado, de acordo com as exigências tanto da Constituição como do Acordo
de Conakry e até hoje a Assembleia Nacional Popular continua encerrado e os
digníssimos Deputados da Nação continuam a receber os seus salários regularmente,
sem prestar serviço ao País e a população que os elegeu.
A
Comissão Permanente do Parlamento funciona na ilegalidade, na medida em que o
PAIGC, ao expulsar os seus 15 Deputados, deixou de ter a maioria que detinha
inicialmente e mesmo assim continua a bloquear a realização da reunião deste
órgão de soberania.
Como podemos permitir que num Estado
de Direito, um grupo de 9deputados, da Comissão Permanente da Assembleia
Nacional Popular tomam o Parlamento de refém?
As
sessões obrigatórias da Assembleia Nacional Popular, conforme o regimento não
têm sido respeitadas e, refugiando-se sempre no poder da comissão permanente
contra a nossa Constituição da República.
Para além
deste boicote, o PAIGC, também boicotou a implementação das recomendações da última
missão ministerial da CEDEAO de 24 de Abril de 2017, enviando uma carta a
CEDEAO em que, implicitamente, recusa o diálogo com o Governo. E após as
palavras e as ameaças, seguiu-se a acção: o PAIGC e 3 outros partidos
boicotaram a iniciativa de diálogo do Primeiro-ministro, conforme as
recomendações da missão ministerial da CEDEAO.
Como é que, nestas condições,é
possível implementar todos os outros pontos dos Acordos de Conakry?
Senhora Presidente,
Caros Irmãos,
Na
última Conferência dos Chefes de Estado, pedi apoio dos meus homólogos para
abertura do Parlamento, visto que, estávamos e ainda estamos há poucos meses
das eleições legislativas.
Na
ocasião tinha afirmado que, se o agendamento da discussão do Programa do
Governo e do Orçamento Geral do Estado não merecer a confiança da maioria dos
deputados, o governo seria imediatamente demitido e constituído um novo
governo.
Chegou
agora o momento, em que peço a vossa
compreensão e solidariedade para que, possamos agora, partir do bom ponto para
uma implementação efectiva e plena dos Acordos de Conakry. Esse ponto seria
o prosseguimento do dialogo político, entre o Governo e o PAIGC com vista a
alargar as bases de um Governo inclusivo, conforme recomendado pelo Conselho de
Mediação e de Segurança da nossa organização, proceder a convocação de uma
sessão parlamentar para a apresentação e discussão do Programa do Governo e do
Orçamento Geral do Estado, o que permitiria reunir uma Mesa Redonda de Diálogo
Nacional, para iniciar as reformas institucionais inadiáveis e que minimizem os
riscos de conflitos institucionais pós-eleitorais.
Regressar
ao ponto de partida, ainda que, sem razão nem fundamentos, com todas as
pequenas, mas remarcáveis conquistas nos domínios da paz social, da atitude e
da contenção republicana das nossas Forças de defesa e segurança e do
crescimento económico, e a menos de um ano das eleições legislativas, seria
defraudar as expectativas do povo guineense e prestar-lhe um péssimo serviço.
Aplicar
hoje a política da terra queimada, equivaleria a fazer o jogo daqueles que
pregam a doutrina do caos, daqueles que querem semear a insegurança
generalizada no nosso Pais e alargá-la aos países vizinhos, com o único
objectivo de servirem interesses estranhos aos guineenses e aos nossos irmãos
da sub-região.
É, só
este, e unicamente este, o espirito que norteia a minha acção enquanto Chefe de
Estado, sobretudo num momento em que razões imperiosas de interesse público
apelam a minha particular atenção.
Enquanto
Presidente da República da Guiné-Bissau, quero aqui pedir mais uma vez o vosso
apoio no sentido de nos conceder mais tempo para encontrar uma solução para a
saída desta crise. É de sublinhar que, a nova solução governativa será o
resultado da opção pelo diálogo e negociação entre actores políticos no quadro
da nova dinâmica da configuração parlamentar.
Apesar
de toda a dedicação do actual mediador da crise, que deu o melhor de si para a
saída desta situação na Guiné-Bissau, gostaria de pedir ao mesmo assim como aos
outros Chefes de Estado aqui presentes a privilegiarem a mediação interna.
Antes
da minha viagem, deixei em Bissau no terreno, a mediação que está ser chefiada
por um grupo de líderes das redes de mulheres guineenses, foi por mim recebida
e encorajada a prosseguir os seus esforços.
Essa
mediação segue com um roteiro, em que está prevista auscultação de todas as
partes signatárias do Acordo de Conacry.
Quero
exprimir enfim, perante vós, a nossa fidelidade aos princípios, ao espirito e a
letra da CEDEAO, enquanto membros fundadores.
Não
podia terminar esta minha alocução sem deixar aqui o profundo reconhecimento do
povo guineense e de mim próprio, a ECOMIB, pelo elevado profissionalismo e
dedicação destes homens e mulheres, nossos irmãos, ao serviço da estabilidade
politica e da paz social na Guiné-Bissau.
Senhora Presidente,
Caros Irmãos
Agradeço-vos pela atenção e muito
obrigado
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