sábado, 15 de setembro de 2018

Ismael Sadilú Sanhá

“Anima pa djintis ku gustu difusu i mas komplikadu di ki labirintu di futucerus”

A intervenção do recém-empossado Primeiro-Ministro, Dr. Aristides Gomes, após ser investido ao cargo 'pissadu' chamou a minha atenção, quando proferiu que iria ser um simples “animador” o que significa, literalmente, que a sua missão é tentar conciliar as aspirações de cada uma partes, sobre as diferentes sensibilidades em torno de um projeto nacional.

Ao ouvir isso, “franzi o nariz”, por considerar que é uma tarefa extremamente difícil. .

Imagina que ele toca uma música que todo mundo gosta, tipo "desgraçados ku misti dana nô terra, ba nhu t... li, ba nhu t... li”, onde toda a gente vai dançar e não será pela composição da canção, mas sim pelo seu ritmo e gosto de n'gumbé (Guiné-Bissau).

Este pensamento poderá dever-se à minha experiência de muitos anos e da convivência com os guineenses, pois é um povo com gostos diversos e poucos refinados. O povo guineense é 'suigeneri'.
Suponhamos que ele é um DJ, da discoteca Tabanka da dita elite de praça de 'Uxau - Bissau", que anima para um magote de pessoas, mas com distintas preferências musicais tais: como Gumbé, RNB, Kuduro, Reggae ou Tchoklomina e cada um diz que tem que tocar o que quer, caso contrário não dançariam. Ignora e toca a música que considera adequada ao ambiente do momento, porque pôr músicas quando as pessoas estão embriagadas é muito diferente de quando estão lúcidas e rejeitam dançar. Tem que ser a música do seu agrado. Porque o DJ não tem poder de obrigar ninguém a dançar, expulsar ou, ainda, dizer “bó kana badja nam”, senão vou parar a música, uma vez que o bilhete não foi de graça, compraram-no.

Pelos vistos, tudo indica que o novo PM está a suar muito para conseguir tocar uma música que todos vão dançar, mesmo que não seja do agrado das partes.

Assim, ou se retira da cena ou tomará a decisão de uma forma atrapalhada só para agradar a um de cada vez.
Nestas circunstâncias é preciso ter legitimidade, para bater a mão na mesa quando é preciso, senão, é impossível.

A meu ver, ainda não é tarde para formar um governo de unidade nacional, onde todos cabem, sejam de esquerda ou de direita. Um governo que represente todas as sensibilidades, protelando as eleições até que existam condições. As eleições dão legitimidade às novas autoridades, mas na minha terra não resolvem questões de fundo.

É preciso ser um bom DJ, com o pulso firme para animar na Guiné-Bissau, senão nada vai tocar.

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