O PAIGC E OS DESAFIOS DA DEMOCRACIA - 2
(CIPRIANO CASSAMÁ E A PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA)
UMA OBCESSÃO PERIGOSA
Era preciso depararmos com uma
crise institucional desta dimensão, que opõem Sua Ex.ª o Sr. Presidente da
República da Guiné-Bissau, Dr. José Mário Vaz, ao Ex-Primeiro-Ministro e
Presidente do PAIGC, Eng.º Domingos Simões Pereira, para identificarmos as
fragilidades do nosso sistema e a precariedade do funcionamento das nossas
Instituições.
Foi
preciso uma crise como esta, para reconhecermos que a nossa sociedade não está
minimamente preparada para os desafios da nossa época, para assumir a tarefa de
cultivar e fazer vincar os valores fundamentais do Estado de Direito
Democrático (respeito pela pessoa humana e pelos estatutos que o sistema lhe confere,
em virtude das responsabilidades que é chamado à assumir no contexto sociopolítico),
considerando as facilidades com que nos deixamos dividir e manipular, em prol
de interesses antagónicos aos objectivos que preconizamos para o nosso futuro
colectivo.
Infelizmente,
a presente crise mexeu com a sensibilidade nacional, dividindo inclusive os
Combatentes da Liberdade da Pátria, que por ideia, deviam acalmar os ânimos,
chamar a razão as alas beligerantes e assegurar a coesão partidária e nacional.
É
evidente que o exercício do Poder
Político é acima de tudo um acto de cultura (a cultura do Poder). Quando desprovido desta importante
ferramenta, o Líder político perde-se na imensidão dum Oceano de atropelos,
decepções e frustrações, resultantes do “NÃO-SABER
ESTAR NA VIDA POLÍTICA”. E quando é assim, as declarações de boas intenções,
discursos pomposos e açucarados, assim
como o nível de formação académica e demais valências técnico-científicas podem
revelar-se insuficientes para evitar o fracasso da tarefa em se está empenhada.
Numa
democracia funcional (quando as Instituições não derrapam), é inconcebível a
existência de mecanismos que possibilitem o bloqueio de todo o sistema do Poder
Instituído, por um indivíduo ou grupo de indivíduos, em nome de interesses
pessoais e/ou coorporativos. Por isso é que a actual situação política na
Guiné-Bissau é deveras alarmante e nos interpela ao imperioso reconhecimento das
prementes necessidades de procedermos à profundas reformas institucionais e
estruturais, na esperança de reformarmos a nossa própria mentalidade, em face
duma hierarquia de valores imprescindíveis à construção duma sociedade moderna
e previsível no que concernente à rigorosa observância das Leis e Regras de
convivência humana, universalmente aceites e aplicáveis, sendo que a
Guiné-Bissau não deve constituir uma excepção ao resto do Mundo.
A
crise institucional que assola a Guiné-Bissau, assim como o bloqueio Parlamentar
imposto ao País pelo PAIGC do Eng.º Domingos Simões Pereira, tendente a
inviabilizar o Governo de Inclusão, estagnar a vida económica nacional e
destruir os alicerces do desenvolvimento social na Guiné-Bissau, tem um nome – Eng.º CIPRIANO CASSAMÁ – Presidente da
Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, sob a orientação do Eng.º DOMINGOS SIMÕES PEREIRA,
Presidente do PAIGC.
Enquanto
Presidente da ANP, institucionalmente, o
Eng.º CIPRIANO CASSAMÁ substitui o Presidente da República na ausência deste.
Contudo, essa substituição é ditada exclusivamente pela inerência de funções e
não por inerência de Qualidades Humanas,
Valências Profissionais, Reconhecidas Capacidades e Disponibilidades. Por
outras palavras, completamente absorvido pela ganância de ser Presidente da
República, o Eng.º CIPRIANO CASSAMA esqueceu-se
que foi eleito Presidente da ANP para
exercer as funções que lhe são outorgadas pela Constituição, com base nas
experiências acumuladas no capítulo do parlamentarismo e não porque tem
qualidades para ser Presidente da República.
Desde
o início da presente legislatura que o Eng.º
CIPRIANO CASSAMÁ submeteu toda a sua actuação institucional à sua ambição
pessoal (a ambição de ser Presidente da República, sem ser escrutinado ao
exercício dessa função). Tal é a obsessão de CIPRIANO CASSAMÁ que, mesmo sendo a segunda personalidade mais
importante do Estado Guineense, colocou-se a jeito de ser pressionado, chantageado e humilhado pelo Presidente do PAIGC, Eng.º DOMINGOS SIMÕES PEREIRA, que
ameaça não apoiar a sua pretensão de ser Presidente da República ou até mesmo
expulsá-lo do Partido, se não manter este bloqueio Parlamentar que condena o
nosso povo à penúria e a miséria absoluta, em nome dos mesquinhos interesses de
um pequeno grupo de indivíduos querem a todo o custo permanecer no Poder, pelas
seguintes razões:
CIPRIANO CASSAMÁ – teme que, com uma eventual abertura
parlamentar, a nova maioria constituida pelo PRS e os 15 decida eleger uma nova
Mesa da Assembleia e consequentemente um novo Presidente deste Órgão
Legislativo;
OS MEMBROS DA COMISSÃO PERMANENTE DA ANP – a Comissão permanente da ANP é composta
por 8 Deputados do PAIGC e 5 do PRS, obdecendo ao número de Deputados afectos à
cada um destes Partidos no início da presente legislatura. Entretanto, com a
expulsão dos 15 deputados do PAIGC, registou-se uma mudança substancial na
correlação de forças na ANP e os Membros da Comissão Permanente afectos ao
PAIGC temem que uma eventual abertura parlamentar coloque um ponto final na sua
hegemonia numérica e decisória;
DOMINGOS SIMÕES PEREIRA – teme que com a abertura parlamentar, a
nova maioria lhe retire a imunidade parlamentar e o entregue à Justiça, por
alegados crimes económicos cometidos durante a sua governação.
É
justo que tudo isso venha a acontecer, salvo se houver uma concertação prévia
((falando é que as pessoas se entendem) na medida em que constituim parte
essencial do jogo democrático (O PODER É
EXERCIDO POR QUEM DETÉM A MAIORIA). O que não é justo, é adiar o País por
razões de interesses pessoais, como tem acontecido até aqui.
Entristece
saber que estamos divididos nessa questão tão importante para a nossa soberania
e o futuro da nossa democracia, quando deviamos cerrar fileiras e exigir destes
indivíduos o escrupuloso cumprimento das normas democráticas, desencorajando
por conseguinte a introdução de mais um factor de instabilidade no sistema
político nacional – O BLOQUEIO
PARLAMENTAR – que certamente irá constituir mais uma ferramenta de luta
política, tendente a aumentar a crispação social e condicionar o
desenvolvimento socioeconómico deste País.
PARA UMA REFLEXÃO JURÍDICA:
Será que a Lei do nosso País é assim tão
benevolente ao ponto de atribuir à um Partido Político a prerrogativa de
bloquear o funcionamento das Instituições do Estado, neste caso concreto, da
Assembleia Nacional, utilizando para o efeito um Órgão eleito/constituído com
base numa maioria parlamentar que deixou de existir?
Será que a nossa Lei é assim tão controversa,
que um Partido Político que no início da legislatura, detinha a maioria
absoluta parlamentar e consequentemente as maiorias nos Órgãos parlamentares, mas
que por ter deliberadamente expulso os seus próprios Deputados, acabando
reduzido à minoria com a consequente perda do direito moral, jurídico e
constitucional de reivindicar o exercício do Poder governativo, pode continuar
a preservar as referidas maiorias nos Órgãos parlamentares e utilizá-los para
bloquear as iniciativas da nova maioria parlamentar?
UMA CERTEZA: O NOSSO POVO NÃO VAI PERMITIR!
BEM-HAJA À GUINÉ-BISSAU!
JUNTOS PARA LUTAR E VENCER!
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