DSP AGARRADO AO
PODER
Os últimos
acontecimentos que ilustram a actualidade na Guiné-Bissau demonstram que
estamos muito longe da tão apregoada estabilidade sociopolítica que um dia
apresentamos à Comunidade Internacional como uma das contrapartidas de peso
para credibilizar o nosso País aos olhos dos nossos parceiros de
desenvolvimento e consequentemente para o sucesso da “Mesa Redonda” de
Bruxelas, que nos permitiu mobilizar avultados recursos financeiros,
imprescindíveis às inadiáveis reformas estruturais de que tanto carece a
Guiné-Bissau.
A mudança
geracional do Poder, efusivamente saudado pelo nosso povo e pela comunidade
internacional, que por ideia devia lançar as sementes da Paz e da convergência
nacional, enterrar para sempre o nosso passado sangrento e renovar a esperança
do nosso povo num futuro que justifica o imenso sofrimento que tem colorido o
terrível percurso da sua história secular, transformou-se num autêntico
pesadelo nacional, numa profunda decepção, desiludindo até os mais optimistas, pela
sua gritante incapacidade de remover os factores que têm contribuído para o
germinar e persistir do caos político que continua a ameaçar os nossos esforços
de desenvolvimento.
Se governar
não é fácil, governar a Guiné-Bissau, apesar da sua diminuta dimensão
territorial e de possuir uma população relativamente pequena, constitui um
desafio muito sério, insuperável com a simples formação académica.
A enorme
crispação reinante na atmosfera política do nosso País resulta da atitude
arrogante e prepotente do Presidente do PAIGC e Primeiro-Ministro, Eng.º
Domingos Simões Pereira, que exclui quaisquer hipóteses de convivência pacífica
com os demais representantes do Poder, inclusive com os próprios membros do seu
Governo – um Governo que ele insiste em manter, apesar do seu reconhecido
descrédito, resultante das acusações de crime de corrupção que pairam sobre
muitos dos seus membros e que já provocaram sonantes demissões, tais como a do
Ministro da Presidência, dos Assuntos Parlamentares e Porta-Voz do Governo, Dr.
Baciro Djá (2º na hierarquia governamental) e a do Secretário Nacional do
PAIGC, Sr. Abel da Silva, que não pretenderam continuar a coabitar com uma
situação que classificaram de vergonhosa e prejudicial à imagem do País.
Desde a chegada
do Eng.º Domingos Simões Pereira ao poder, que não tem feito mais do que
declarar guerra à todos os quadrantes da sociedade guineense (desde simples
militantes, que não lhe apoiaram no Congresso ao 1º vice-presidente do seu
Partido; desde cidadãos comuns do seu País, que ousaram criticar a actuação do
Governo numa determinada circunstância, ao Presidente da República, por quem
ele nutre um profundo ódio e desprezo). Este comportamento extremamente
perigoso e irresponsável do Primeiro-Ministro é premeditado e explica a sua
decisão de incluir o PRS no Governo, convencido que o apoio parlamentar desse
Partido lhe atribuía vantagens na guerra com o seu próprio Partido, o PAIGC e
lhe permitia evidenciar o seu estilo ditatorial de liderança, baseado na
retrógrada filosofia de POSSO, QUERO E
MANDO, não fosse a tenaz e esclarecida oposição do Presidente da República,
que, contrariando o populismo do actual governo, comunga uma visão estratégica
mais realista, mais pragmática e mais progressista para a Guiné-Bissau.
Os
guineenses estão profundamente desgastados e desiludidos com o actual governo,
sobretudo com os “demarches” do Primeiro-Ministro que, em vez de seguir os
brilhantes exemplos do Dr. Baciro Djá e do Sr. Abel da Silva, não tem poupado
esforço para se manter no poder (recorrendo à intervenção de estrangeiros para
mendigar o Presidente da República a não derrubar o governo; organizando
conferências e todo o tipo de eventos lamuriantes; produzindo discursos “reconciliadores”,
prometendo dialogar com o Presidente da República e inclusive… e inclusive,
remodelar um Governo em cuja formação descartou por completo a opinião do
Presidente da República e que pomposamente apelidou de “Governo de Excelência”,
quando o mais correcto devia ser “Governo
de Ratazanas”.
Inexplicavelmente, o Primeiro-Ministro da
Guiné-Bissau deixou-se imbuir pelo ódio e pelo revanchismo. A opinião geral
define-o como um homem malvado, rancoroso, conflituoso e de ideias fixas,
incapaz de estabelecer com os seus parceiros um espaço de diálogo equitativo.
Nesta ordem de ideias, qualquer proposta decorrente da sua parte é encarada com
natural desconfiança e cepticismo. Pelo que, para o bem de todos e para o
desanuviar do ambiente sociopolítico, a solução mais adequada a instabilidade
que se vive no nosso País, por uma questão de honra e dignidade é, sem sombra
de dúvidas, A SUA DEMISSÃO E A CONSEQUENTE QUEDA DO SEU GOVERNO.
NOTA DE RODAPÉ:
“A COMPOSIÇÃO DO GOVERNO QUE ACABEI DE
PROMULGAR É DA INTEIRA RESPONSABILIDADE DE S. EX.ª, O SR. 1º MINISTRO, NÃO
TIREI E NEM ACRESCENTEI NELA UMA ÚNICA VÍRGULA”
“JOMAV”
É VERDADE,
FOI ISSO QUE ACONTECEU:
NA FORMAÇÃO DO ACTUAL EXECUTIVO, CONTRARIANDO
O QUE É HABITUAL NA NOSSA PRÁTICA INSTITUCIONAL E QUE ELE PRÓPRIO FARIA QUESTÃO
DE CUMPRIR SE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA SE CHAMASSE POR EXEMPLO” NINO VIEIRA”,
O PRIMEIRO-MINISTRO, NUMA ATITUDE ARROGANTE, EVOCANDO SOBERANIA INSTITUCIONAL,
DECIDIU FAZER TUDO SOZINHO, DISPENSANDO POR COMPLETO AS OPINIÕES E SUGESTÕES DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, CHAMANDO À SI TODAS AS RESPONSABILIDADES PELO SEU
DESEMPENHO;
UM ANO DEPOIS, O PROMETIDO “GOVERNO DE EXCELÊNCIA”,
COMPOSTO POR “INDIVÍDUOS DE OUTRA GALÁXIA”, VIROU “GOVERNO DE RATAZANAS” , COM
MAIS DE METADE DOS SEUS MEMBROS INDICIADOS POR CRIME DE CORRUPÇÃO ACTIVA. NESTE
CONTEXTO, O MÍNIMO QUE SE PODIA ESPERAR DA S. EX.ª O SR. PRIMEIRO-MINISTRO ERA
O RECONHECIMENTO DO FRACASSO DO SEU PROJECTO E CONSEQUENTEMENTE A SUA
DEMISSÃO E NÃO EXIGIR AS DEMISSÕES DOS OUTROS, PELAS SEGUINTES RAZÕES:
PORQUE NÃO FORAM ELES QUE FORMARAM O GOVERNO;
PORQUE NÃO FORAM ELES QUE TANTAS PROMESSAS
VÃS FIZERAM AO NOSSO POVO;
PORQUE NÃO FORAM ELES QUE INICIARAM TODA ESSA
GUERRINHA DESNECESSÁRIA QUE NOS TROUXE ATÉ AQUI;
PORQUE NÃO SÃO ELES QUE ESTÃO A COLOCAR EM
PERIGO A UNIDADE NACIONAL - O NOSSO POVO NUNCA ESTEVE TÃO DIVIDIDO COMO HOJE,
ENTRE:
1. Amigos e clientes do Primeiro-Ministro, que ainda sonham com uma
oportunidade para participar no banquete;
2. Os que não querem continuar a ser governados por ladrões e
saqueadores, desprovidos de massa cinzenta para perceberem que a sua missão é
servir e não servir-se do Estado para retirar benefícios pessoais.
HOJE, NA GUINÉ-BISSAU, CONSIDERANDO A
SITUAÇÃO VIGENTE, A DEMISSÃO DO ACTUAL PRIMEIRO-MINISTRO OU O SEU AFASTAMENTO
PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NÃO PROVOCARIA NENHUM CATACLISMO NACIONAL, PORQUE
SERIA PARA O BEM DA NAÇÃO.
“OS CEMITÉRIOS ESTÃO REPLETOS DE
INSUBSTITUÍVEIS, ENTRETANTO A HISTÓRIA CONTINUA TRIUNFANTEMENTE O SEU CURSO!”
Bem-haja a todos!
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