"CEBOLAS PODRES"
Jorge Herbert, foi um dos protagonistas que abriram frente contra os nossos militares e políticos de Transição. Apoiante convicto
da governação cadogista. Assinou um artigo de opinião intitulado "Um
ano de populismo, corrupção e anti-constitucionalismo", publicado no
blog conosaba, concluindo o seguinte:
"O meu desejo é que o actual Governo cumpra o seu mandato, sob o olhar
sempre atento do Presidente da República, e que o Governo tenha a coragem de
renovar-se, removendo do seu seio as “cebolas podres”, para que consiga levar
ao bom porto a sua governação, sem defraudar as expectativas do povo, e que
comece a trabalhar de forma séria e com coragem necessária, nas reformas
prioritárias e profundas que o país e a sociedade guineense precisam."
Ora, concordo com a abordagem desse nosso compatriota
em vários aspectos. Sobretudo, no que diz respeito a desejos de paz e
progresso para a sociedade guineense. O que, a meu ver, parece algo
extemporâneo na sua reflexão é em relação a ideia de separar "cebolas
podres". Em primeiro lugar, o nosso país é soberano e não podemos,
constantemente, estar a conduzir e a olhar ao mesmo tempo pelos retrovisores,
preocupados com o que as outras nações do mundo pensam sobre nós. Só os
aprendizes guiam assim e acabam batendo. É verdade que temos que nos dar ao
respeito e olharmos ao espelho. Por outro lado, mudanças democráticas, sem
violência, são salutares para qualquer comunidade política. Faz parte da
dinâmica política interna, tomar iniciativas sociais que apenas a nós
guineenses diz respeito resolver, e a mais ninguém em face da terra.
Em terceiro lugar, não gostaria que o nosso irmão
Herbert se preocupasse com o cumprimento do mandato ou legislatura deste Governo,
visto que o período de mandato é de quatro anos e pertence inteiramente ao
partido maioritário, o PAIGC. O nosso desejo é que os libertadores levem o seu
mandato até ao fim. Pois, em todo o mundo democrático, a mudança de governo é
um acto normal e não será na Guiné-Bissau que vai virar excepção, motivo de chantagem
política, condicionando o cumprimento da legislatura ao desbloqueamento de
promessas de Mesa Redonda de Bruxelas, ou até associá-la à confusão,
instabilidade política ou até às guerras.
Pega leve meu caro Herbert. "Cebolas podres"
como bem disse, não serão apenas a maioria dos membros do governo arguida
com processo crime a manchar, neste momento, o bom nome e a imagem
do nosso país. É, sem dúvida, a própria postura política do actual
Primeiro-Ministro que deixa muito a desejar. Analistas de vários quadrantes da
política nacional e estrangeira já o aconselharam a largar o leme, mas o rapaz
continua obcecado pelo poder. Porque é peão de algum grupo financeiro
internacional? Só pode!
Se o DSP tivesse nobreza de carácter imitaria a
postura política assumida pelo Secretário Nacional do PAIGC, Abel da Silva
Gomes e do Ministro da Presidência e do conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares,
Baciro Djá, que puseram os seus lugares à disposição do Líder do PAIGC e do
Primeirro-Ministro, aludindo, então, à falta de confiança manifestada por este (o Líder) na
reunião de Comité Central. Pergunto: porquê que o DSP não tem coragem de se demitir e sair pela porta grande, se ele próprio alega de palanque em
palanque, que "o Presidente da República o considera quase como persona
non grata"?
Portanto, as ditas "cebolas podres" têm a
quem sair, têm mãe, quem as terá concebido e contaminado, que é o próprio DSP, por onde, obviamente, se devia começar com a tal
renovação corajosa e de levar ao bom porto a governação do nosso país. Defraudar
expectativas? O povo já está cansado dessas ratazanas, que agora estão a
fugir para as tocas para não se apresentar à Justiça. Pergunto ao senhor Jorge
Herbert, se é apologista também da ideia de cinco anos de Estado de Graça para o
actual Governo?
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