V I R I A T O R O D R I G U E S P Ã
Nos termos da Lei n.º 4/91, de 3
de Outubro, publicado no suplemento ao B.O. n.º 39 do mesmo ano, art.º 21º e
segs, eu, Salvador Tchongó Domingos,
no uso do direito de resposta que a Lei põe à minha disposição, venho
respeitosamente requerer à publicação, na íntegra, do conteúdo da minha
declaração/resposta à acusação, embora suponha não intencional, mas que mancha
publicamente o meu bom nome, durante a entrevista que a Senhora Nanda concedeu
a este espaço
Viriato Pã, Referência intelectual e cultural de Mansoa
Quando, em 1963, cheguei a
Mansoa, ouvi falar-se muito entusiástica e orgulhosamente de Viriato Rodrigues Pã pelos habitantes
daquela nobre Vila, então cheia de vida, dada a presença abundante da tropa
colonial. Em todo o meio intelectual, escolar, desportivo e outros que animavam
a Vila ouvia-se com frequência enaltecer a inteligência e bravura de Viriato,
que tinha sido levado pelo Pároco de Mansoa, o Senhor Pr Júlio Patrocínio de Oliveira Martins, para estudar “na Metrópole”
Eu parti de Hock Grande (Ôco-Grande, que facilitava a escrita colonial),
preparado por um grande intelectual, nacionalista, irreverente, de raciocínio
fácil e rápido: Afonso Manuel Latna,
natural de Bissun-Naga. Senti-me muito à vontade no meio escolar da Vila de
Mansoa, onde tive o privilégio e honra de ter aproveitado muito ainda do também
saudoso Vicente António Rodrigues,
vulgo “Professor Lobo”, padrinho de baptismo de Viriato e donde veio o
sobrenome de “RODRIGUES” para Viriato.
O encontro em Montariol
Quando fui chamado a partir para
estudar nas Missões Franciscanas de Montariol, em Braga, Portugal, não consegui
encontrar-me com o Viriato na Guiné,
apesar de ele e Pedro Duarte Jandi, nos
meses de Agosto e Setembro de 1964, terem estado de férias na então Colónia
Portuguesa da Guiné. O nosso primeiro encontro deu-se na Cidade dos Arcebispos
(Braga) em Outubro do mesmo ano de 1964, eles no 4.º e 5.º Ano do Liceu,
respectivamente, e nós, eu e os meus colegas “caloiros” de então e companheiros
de viagem, Os falecidos João José Lopes
Sequeira e Domingos Fernandes Gomes, no nosso 1.º ano liceal.
Alguns traços de identidade entre
mim e Viriato, em especial o facto de termos sido enviados pela mesma pessoa,
da mesma paróquia, ou porque, como eu costumo dizer, abriram-se-nos os olhos para o
Mundo em Mansoa, factos que nos aproximaram e criaram grande empatia e
amizade entre os dois. Eu via-o como irmão mais velho, filhos do mesmo pai
espiritual.
Viriato não suportava injustiça,
sobretudo se tiver sabor ao racismo ou na utilização desproporcionada da razão
da força. Era muito sensível e atento a esses pormenores quase nunca deixava de
reagir em conformidade.
Quando analiso o seu nacionalismo
fervoroso, o apurado intelectualismo sempre presente nas palavras, escrita
inteligível, e perfeitamente legível, Viriato
Pã é, aos meus olhos, o “irmão gémeo” de Afonso Manuel Latna, o meu primeiro e saudoso Professor: capacidade
intelectual, boa escrita em todo o sentido, inimigos da descriminação, reacção
pronta, coragem-imprudente, eis alguns de traços comuns entre os dois. A imprudência nas decisões, o nacionalismo
fervoroso e espírito de “o justo” foram fatais aos dois.
" Recusar “Humilhar-se”
Viriato foi obrigado a deixar o
colégio de Montariol em Braga por entender que não devia acatar uma “
punição correctiva”, que devia colocá-lo, por algum tempo, numa mesa à
parte no refeitório, fora do seu lugar habitual, na sequência de um ajuste de
contas com um colega que a ele se dirigiu de forma considerada pejorativa e
insultuosa pela cor da pele. Despedimo-nos os dois às 6 horas da manhã, quando
se conduzia no carro que o levou à estação de comboio.
Alguns elementos de traços de
personalidade, da história de Viriato estão registados na brochura publicada em
1987 pela RGB/MB, intitulada “VIRIATO Pã, UMA VIDA PELA PÁTRIA”.
O Reencontro
Em 1972, todos os elementos de Montariol estavam em Lisboa, com a
excepção do Floriberto de Carvalho,
com quem os novatos chegados depois de Agosto de 1964 não se encontraram em
Braga, por ter deixado o colégio naquela época, de regresso a Bissau. Em
Outubro de 1972, portanto, um reencontro saudado: Pedro Jandi, Viriato Pã
já lá estavam em Lisboa; João Sequeira
veio de Ponto de Lima; Antero Binhã,
Quintino Lopes Ferreira e Eduardo Calisto Correia Evangelista, se
não me engano, vieram todos de Leiria; Domingos
Fernandes Gomes, de Bissau. Eu, Salvador
Tchongó Domingos, parti de Varatojo, Torres Vedras.
Aí estão os “ Montariolenses” ou, se
preferirem, “os Roqueiros” (de Rua Alfredo ROQUE Gameiro, em Lisboa, onde
se situavam 2 apartamentos, contíguos e no mesmo piso, ocupados por muitos de
nós e centro da nossa reflexão política). Entrámos, então, nas diversas universidades
de Lisboa e em condições de prosseguir o nosso entusiástico mas analítico
acompanhamento da Luta de Libertação Nacional: o progressivo envolvimento da
sociedade, os diversos posicionamentos de franjas e sectores da Sociedade bem
como as zonas/regiões, e mais. Nos nossos encontros estava sempre em análise um
conjunto de questões de que se destacavam as que se seguem.
- A problemática da eventual
unidade Guiné-Bissau/Cabo Verde. Como, já que a cúpula do PAIGC é constituída por
originários de Cabo Verde (a naturalidade de Amílcar Cabral ainda hoje é um
tabu)?
- A insanável hostilidade e ódio
entre PAIGC e FLING
- A mobilização e incorporação, à
parte, da juventude da Colónia da Guiné nos chamados “Comandos Africanos”,
susceptíveis de represália e/ou isolamento no pós independência, que nos
parecia apenas uma questão de meses;
Foi nesse dealbar do ano lectivo
de 1972/1973 que Viriato teve de optar ir concluir o curso de Direito em
Coimbra. Entretanto o tempo correu e deu-se o 25 de Abril de 1974 e estas questões
tornaram-se tão evidentes, prementes e exigentemente incontornáveis que, por
dever de consciência, nos levaram a procurar mais guineenses para partilhar as
nossas preocupações. Porém, muitos tinham entrado na compreensível e natural
euforia da independência, situação que nos transformou de imediato em
opositores ao regime do PAIGC, com epítetos de “flinguistas”, “roqueiros
reaccionários” e outros.
Oposição a um regime que se previa sanguinário
A nossa primeira manifestação
pública deu-se a 4 de Julho de 1974,
numa das salas da Faculdade de Veterinária, junto ao Liceu Camões, na Praça
José Fontana, em Lisboa. Viriato partiu de Coimbra mas, por dificuldades de
transportes, chegou atrasado.
Estava definido o nosso objectivo
de informar, esclarecer a opinião pública guineense, Portugal e Comunidade
Internacional. E nós estávamos expostos e dispostos a formar a consciência
crítica dos Guineenses sobre o que representava a entrega da Independência da Colónia
sem que determinadas questões fossem negociadas e acauteladas, minimamente
asseguradas vidas. Era também a questão vital da coesão social e da unidade de
um País “sui generis”, cuja independência “de iure” estava ainda para ser
reconhecida pela Potência colonial, Portugal.
Após o 25 de Abril e depois de um
ano duro, politicamente falando, Domingos Fernandes Gomes deixou Portugal
rumando à Itália para melhor se dedicar ao estudo de Medicina para o qual
Lisboa já não oferecia concentração necessária.
Na Rua Alfredo Roque Gameiro,
como se disse, nós ocupávamos 2 (dois) apartamentos contíguos de 3 assoalhadas
cada um. Viriato Rodrigues Pã fixando-se agora em Lisboa, ficou comigo no mesmo
quarto. Os outros dois quartos estavam ocupados por Mateus Mendonça e pelo Eduardo Calisto Correia Evangelista.
Os Evangelistas, de Bôr a Portugal
Se a memória não me engana, foi
em Março de 1975 que chegou a Portugal um contingente de estudantes guineenses
para
Magistério Primário, dividido em 2 grupos, um para Aveiro e Outro para
Viseu. Nomes como Marcelo da Velha, Filipe Benício Namada, Maria do Nascimento Evangelista, Maria Divina Evangelista, entre outros, compunham o conjunto.
Os Evangelista, em Bôr, era uma Família bem conceituada e gozava de
larga simpatia entre as comunidades cristãs nas redondezas, em especial na
localidade de Bôr, onde existia um internato
de raparigas dirigido por Irmãs Franciscanas, que congregava uma elevada
quantidade de raparigas para formação e educação.
A Senhora D. Rosa Correia Evangelista, educada e formada nesse internato, e o
seu esposo, Senhor João Evangelista, pais do Eduardo calisto, da Maria do
Nascimento e outros, eram e são figuras de referência na Comunidade, bem como o
Falecido Domingos Evangelista.
Diga-se de passagem que a Senhora
D. Rosa CORREIA Evangelista é irmã do conhecido Combatente e Comandante
PAULO
CORREIA, fuzilado juntamente com Viriato
Rodrigues Pã e outros nacionalistas, em número de 6, em 1986.
Devo acrescentar, para a melhor
inteligibilidade e compreensão do que vou contestar, que foi nesse ambiente de
respeitabilidade, de vivência familiarizante e integrante que, vinda de Cachéu aos 10 anos de idade, cresceu a
minha esposa, a Senhora D. Rita Figueiredo da Silva Domingos, até ir para
Portugal aos 17 anos, tornando-se, assim, produto desta fraternidade
comunitária em tudo coesa e solidária pela vida fora. Até hoje.
De regresso à Lisboa
Deixando a comunidade de Bôr e
voltando um pouco atrás, diria que, tendo-se retirado por algum tempo para a
Universidade de Sorbonne, em Paris,
sempre com o objectivo de melhor apetrechar a sua formação académica, o
regresso de Viriato deu-se nos momentos em que o período de formação dos
estudantes do Magistério Primário
terminava.
Antes de regressar a Portugal,
Viriato Pã, em correspondência que mantínhamos, deu-me a conhecer a sua
intenção de impedir que a Maria do
Nascimento Evangelista seguisse para Bissau, porque não obteria autorização
para voltar a Portugal.
Chegado de Paris, confirmou a
ideia e deu a estratégia. A decisão foi rápida e, como sempre, ousada. Escusado
será dizer que criou estupefacção, dividiu opiniões, provocou hesitações e
receios nos meios guineenses, em Lisboa e em Bissau. Forjámos e concretizou-se
com um casamento civil em Julho de 1976. Fui o padrinho do casamento, com a
minha mulher, apesar de sermos então simples namorados.
Um duro golpe político para o PAIGC,
desferido pelos “FLINGISTAS”, como éramos conhecidos. Intensificou-se a acção
da nossa oposição ao PAIGC, muitos artigos escritos em diversos jornais
portugueses constituíam-se como denúncias ao que se passava no País, com
detenções arbitrárias e espancamentos mortais nas prisões.
Criámos uma organização
clandestina com o objectivo de estruturar a nossa actividade e pensamento,
inquietar o PAIGC e informar a Opinião Pública: ORGANIZAÇÃO ANTI-NEOCOLONIALISTA
DA GUINÉ (OANG), que teve muitas vicissitudes, com o aparecimento da UPANG em paralelo. Quando deixou de
primar por uma direcção literalmente colegial, Viriato assumiu a liderança e
iniciou a respectiva reorganização noutros moldes.
A FOTOGRAFIA
Ninguém é tão ingénuo que procura
conquistar uma casada com fotografia e ainda para mais rubricada e com suposta
declaração de amor! Só nos tribunais da Guiné-Bissau de dirigentes totalitários
e criminosos se pode tentar enganar a opinião pública de forma tão grosseira, o
que é um insulto à Comunidade!
No meio da actividade política
semi-clandestina exercida pelo grupo, em 1977 decidi frequentar aulas de italiano
nas instalações da Embaixada da Itália no Largo de Rato, em Lisboa, preparando
férias na Itália, já que lá tinha Domingos
Fernandes Gomes e com quem mantinha regular, fraternal e política trocas de
informações, telefónica e epistolar.
No ano de 1977, portanto, entendi
que, não tendo definido a opção de nacionalidade após a independência do meu
País, era altura de clarificar a situação e não tencionava deslocar-me para a
Itália com documentos de nacionalidade Portuguesa. Em Maio, pedi emissão do
Bilhete de Identidade e, acto contínuo, Passaporte da Guiné-Bissau. Falei com
Senhor Maximiano, elemento n.º 1 da Segurança da Embaixada da Guiné-Bissau em
Lisboa. Ele conhecia-nos muitíssimo bem e tentou aproximar-se com diversas
estratégias e intenções. Tivemos alguns encontros, um deles no Gabinete do DR Biscaia Pereira, Patrono do Viriato
e onde Viriato organizava as respectivas actividades jurídicas.
Ele disse-me, então, que
entregasse 6 (seis) fotografias, tipo “passe”, que seriam encaminhadas para o
País, juntamente com elementos identificativos que entregasse. Até Agosto não
obtive a satisfação, antes desilusão. Decidi manter-me … Português e obtive BI e
Passaporte em 2 semanas, tendo Partido a 29 de Setembro, atrasado quanto à
minha programação, para a Itália. João José Lopes Sequeira seguiu-me dois dias
depois. As fotografias, nunca mais. Nem fotos, nem documentos.
Domingos Fernandes ficou mais bem
informado sobre o que se passava em Lisboa: OANG, UPANG,
GRUPO
CASA DA GUINÉ (em oposição à Casa de Cabo Verde, donde os 3 fomos
expulsos em 1975, por pessoas cujos nomes não digo, por respeito à sua
memória).
Os Pã
Este nome Pã, de origem bem
definida e que, fonologicamente, se poderia escrever “P´HAN” (morança), foi celebrizado pela escrita colonial em “PÔ,
consagrado nos documentos de Viriato. É uma herança. Mas o ano de 1980 trouxe
novidades à política e à Família Pã.
Com mais ou menos choques
internos, a oposição ao PAIGC manteve a sua chama. Mas devo referir que, em
Abril de 1980, nasceu o último filho de Viriato, o Venilo Adão Evangelista Pã. No lugar de ADÃO devia estar “N´DAN”
(agora sou verdadeiro SÉNIOR), que o registo civil
português não aceitou, tal como não tinha aceitado “MÍDANA” levando a que o
filho de meio de Viriato ficasse com o nome de VIRIATO EVANGELISTA PÃ (Mídana reservado para casa e amigos).
Para quem não saiba ou para quem
quiser mais saber, o nome de MÍDANA foi escolhido por mim,
Salvador Tchongó. Referia-me à outra realidade de tantas prisões e mortes nas
cadeias da Guiné-Bissau do PAIGC. A mensagem solidária era para o Povo da
Guiné-Bissau, mas o fuzilamento do Viriato por Nino e PAIGC, fez a extensão da
mesma às famílias sofredoras do processo. Eu, Salvador Tchongó Domingos, e a
minha esposa, D. Rita Figueiredo da Silva Domingos, somos os padrinhos deste
filho do Viriato, que baptizámos quando ainda éramos namorados e ambos
frequentadores da casa do Viriato e da Maria Evangelista Pã.
Só o Qidna Bidar Pã, o filho mais velho do Viriato Rodrigues Pã, só ele
escapou à “censura” do registo civil de Portugal, conservando e exibindo
orgulhosamente este nome exoticamente Guineense: QUIDNA BIDAR PÃ ( Bidar é alcunha do avô, João Evangelista,
pelo facto de os parentes entenderem que ele abraçou hábitos de brancos e
deixou uso e tradição de origem).
Aí estão os 3 filhos do Viriato Rodrigues Pã, cuja mãe é a
Senhora D. Maria do Nascimento
Evangelista Pã. De tantas conversas que nos segregámos ao longo dos tempos
em que ele não teve sequestro nem isolamento, não conheço mais outro filho de
Viriato.
Viriato tinha forte Personalidade
e lutava por convicções, com espírito e nacionalismo de “antes partir que torcer”.
O 14 de Novembro
Voltando atrás, o 14 de Novembro,
uma das novidades de 1980, surpreendeu-nos pela positiva e saudámo-lo, na
altura, com entusiasmo redobrado. Para quem lutava por uma Guiné-Bissau coesa,
em Paz e Tolerância, em que os Guineenses não fossem de novo colonizados ou
subalternizados na própria terra, era um grande alívio. Estava aberto o caminho
para uma reconciliação, pensávamos nós. Seria possível uma terra em que, apesar
de terem seguido caminho diferentes, mas com a intenção de lutar pela
independência, os dirigentes da FLING não fossem perseguidos, nem que os “Comandos
Africanos” fossem massacrados (apesar do seu forçado pecado original),
nem referências importantes da nossa realidade tradicional e cultural violadas,
como foi o caso do Régulo Baticã
Ferreira. Em que houvesse um acantonamento e clarificação em relação à
cúpula do PAIGC e do imbróglio de unidade Guiné/Cabo Verde, que levava à prisão
e à morte tantos guineenses. O maior significado do 14 de Novembro era o de que
a Guiné-Bissau estava nas mãos dos seus
filhos, dizia Viriato. Os presos políticos estavam sendo libertados, valas
comuns denunciadas.
A Vinda para Bissau
Tendo vindo para a Guiné-Bissau,
inicialmente havia informações que, no entanto e após a 1.ª prisão de Viriato,
se foram escasseando. Os muitos inimigos do Viriato na Guiné-Bissau de
criminosos, cada um com a sua motivação, quão predadores do sangue humano, e tal como feras nas florestas, souberam isolar a vitima do resto da manada
para melhor lhe desferirem o golpe mortal, fosse em que circunstância fosse. Desde
a 1.ª prisão, onde começou a banalização da figura e da pessoa, e as múltiplas
acusações disparadas em várias direcções tinham o mesmo objectivo matar:
fosse por espancamento na prisão, envenenamento ou fuzilamento, como acabou por
acontecer.
E mais podia dizer. Esperei algum
tempo e até estive para não reagir, mas o respeito que devo ao Quidna Bidar Pã, ao Viriato Evangelista Pã ao Venilho “N´DAN” Pã, bem como aos meus
filhos, quis colocar tudo isto em cima da mesa para mostrar aos distraídos, aos
maldosos de má fé que não há espaço para qualquer tipo de traição a Viriato da
minha parte, muito menos de natureza tão baixa que tem estado a provocar
excitação a algumas mentes.
Sempre medi os meus passos e
examino habitualmente os meus actos e domino com firme segurança as inclinações
perversas, não sou hipócrita de tal modo que a lama não se agarra nas paredes do meu nome. Pelo que deixei
escrito, rodeei-me sempre de gente que escreve bem e não desenho letras para conquistar uma mulher casada, ainda com a
minha fotografia: ingenuidade! Eu fui coordenador da Defesa e Segurança do
Partido RGB no exterior durante 6 anos …
Sempre tive acesso à casa de
Viriato tal como o tenho hoje aos filhos do Viriato. Eles só têm de andar de
cabeças erguidas pelos pais que têm. Se Viriato foi sequestrado, isolado de tal
modo que as barbaridades o levaram a algumas situações insólitas, vós os
filhos, a Maria do Nascimento Pã, a viúva, e todos nós que tivemos a
irreparável perda com uma bárbara situação em que foi envolvido ate à morte,
devemos honrar a sua memória como a de muitos outros companheiros, e foram
muitos, que nos deixaram.
E eu, Salvador Tchongó Domingos, que nada temo porque não devo, se Deus
me dá vida e saúde e enquanto a RGB (Resistência da Guiné-Bissau), vulgo
“Movimento Bafatá, me permitir, serei sempre candidato do Partido pelo Círculo
de Nhacra/Mansoa.
Nhoma, Setembro de 2014
SALVADOR TCHONGÓ
DOMINGOS
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