quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EXMO.SR. SECRETÁRIO EXECUTIVO DA CPLP,
EMBAIXADOR MURADE ISAAC MIGUIGY MURARGY

Excelência,
O mundo acompanha com preocupação os últimos acontecimentos político-militar em Moçambique. Os fatos, inclusive, já foram objeto de atenção do gabinete do Secretário –Geral da Nações Unidas, Ban Ki-moon, tendo lançado, hoje, apelo às partes envolvidas na discórdia, Governo e a Renamo, no sentido de evitarem qualquer ato que coloque em causa a paz e a estabilidade que prevaleceu nos últimos 21 anos.
Senhor Embaixador, Moçambique encontra-se numa situação de “guerra não declarada”. Na segunda-feira, dia 21 de Outubro, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique atacou e ocupou a base do principal partido da oposição do seu país, em Santungira, na serra de Gorongosa, onde o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, residia há um ano. Perante esta grave situação política, Vossa Excelencia, na qualidade de Secretário Executivo da CPLP fica em silêncio? 
Não marcou ainda data para as romarias no Conselho de Segurança, com Paulo Portas, ou com Rui Machete, a semelhança do que se fez com Carlos Gomes Júnior, no caso da Guiné-Bissau? 
O senhor saltita de país em pais a falar da Guiné-Bissau numa hora destas, porquê? Será que o mandato de Vossa Excelência é orientado apenas para o meu país? Afinal de contas a debilidade institucional não se verifica apenas no caso da Guiné-Bissau. Temos vários exemplos nos países da CPLP, entre os quais o do país da nacionalidade de Vossa Excelência, ou não é verdade?...
Senhor Embaixador, permita-me que lhe confidencie, desde já, o seguinte: o meu povo está farto desta lengalenga! Sabemos, pois, das Vossas movimentações em vários domínios, entre os quais pode destacar-se, desde já, a desesperada tentativa de colocar fantoches no poder no meu país, telecomandados por vós (Portugal, Angola e Cabo Verde). Mas, juro-lhe, senhor Embaixador - provando a terra sagrada com o meu indicador direito - que o meu povo não cairá no engodo da CPLP! E se, por alguma fatalidade, isso vier a suceder nas próximas eleições, fica, Vossemecê,  a saber que esses “king kongs” não mandarão nem nas “palmeiras” da minha terra.

Doka Internacional

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