DISCURSO DO PRESIDENTE JOMAV ONTEM DIA 24 DE NOVEMBRO NA ANP..., MAIS UMA INTERVENÇÃO VERDADEIRA E FRANCA. JOMAV MARCA PONTOS E SEGUE NO COMANDO DE TUDO
§ Excelentíssimo Senhor
Presidente da Assembleia Nacional Popular;
§ Excelentíssimo Senhor
Primeiro-Ministro;
§ Venerando Senhor
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça;
§ Excelentíssimos Senhores
ex-Presidentes da Assembleia Nacional Popular e Primeiros-Ministros;
§ Digníssimos Deputados da
Nação;
Excelências Senhoras e
Senhores Membros do Governo;
§ Senhores Conselheiros e
Assessores do Presidente da República;
§ Excelentíssimos Senhores
Decano do Corpo Diplomático e Membros do Corpo Diplomático acreditados na
Guiné-Bissau;
§ Excelências Senhores
Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas e Chefes dos Ramos;
§ Ilustres Representantes
de Confissões Religiosas e do Poder Tradicional;
§ Ilustres Convidados;
§ Minhas Senhoras e Meus
Senhores;
Por ocasião da abertura da primeira sessão do
segundo ano legislativo da nona legislatura da Assembleia Nacional Popular,
gostaria de exprimir, perante esta câmara, quão honrado me sinto, de presidir
mais uma vez, este acto simbólico mas de assinalável importância do esforço
conjunto de consolidação gradual e progressiva da normalidade constitucional e
democrática no nosso país.
Aproveito este momento para endereçar as minhas
calorosas e vivas saudações aos nossos digníssimos Deputados da Nação e
felicitar-lhes pelo que de bom foi feito nos trabalhos levados a cabo no ano
legislativo transacto, nomeadamente, no que concerne à produção legislativa e,
no âmbito geral do exercício da função parlamentar.
Em nosso entender, esta cerimónia pode marcar o
início de mais uma nova etapa no nosso relacionamento institucional na vida
democrática do nosso país, ao longo da qual perfilam várias acções programadas,
mas igualmente enormes desafios que devem ser vencidos, porquanto fundamentais
para cimentar as bases de um desenvolvimento sustentável, assente em premissas
essenciais tais como a estabilidade política, a boa governação, a justiça
social e a reconciliação nacional.
Antes de prosseguir nos meus propósitos, a ocasião
é nobre para prestar a nossa homenagem às vítimas do terrorismo:
§ Na África Ocidental, em particular na nossa sub-região com os países
como a Nigéria, o Mali, o Níger;
§ e África Central, com os Camarões e o Chade;
§ Na Europa e, em particular em França, com os últimos atentados de Paris;
§ No próximo e médio oriente, designadamente no Líbano, no Iraque, na
Síria, no Egipto e na Turquia.
Em jeito de solidariedade com as famílias, peço que
me acompanhem num minuto de silêncio de tributo à memória das vítimas.
--------------------------------- Minuto de
Silêncio --------------------------
Que as mais altas autoridades destes países e às
famílias das vítimas sejam transmitidos os sentimentos e a solidariedade do
Estado e do povo da Guiné-Bissau.
Muito Obrigado!
§ Senhor Presidente da
Assembleia Nacional Popular
§ Digníssimos Deputados
§ Minhas Senhoras e Meus
Senhores
Olhando para a vossa agenda de trabalhos, pode-se
constatar a amplitude e a incidência daquilo que, nesta augusta assembleia,
constituirá o fulcro da vossa acção parlamentar, que visa aperfeiçoar progressivamente
o arsenal legislativo existente, produzir novos diplomas legais nos mais
diversos domínios da vida política, social e económica do país, com destaque
para o novo Código do Trabalho, o Código da Justiça Militar, o Estatuto
Remuneratório dos Magistrados Judiciais, do Ministério Público e dos Oficiais
de Justiça, bem como o Estatuto do Líder da Oposição.
Transparece nesta agenda, a preocupação fundamental
de trazer mais justiça, maior coesão social, criar condições para uma melhor
inserção da Guiné-Bissau na agenda internacional, designadamente, das Nações
Unidas, no que tange à implementação do Plano País Trabalho Digno (PPTD) e a
ratificação de importantes convenções internacionais assinadas pelo nosso país,
com vista a sua efectiva aplicação.
Entretanto, convém assinalar, Digníssimos Deputados, que não deixaria de passar esta ocasião
para, de novo, colocar enfâse no papel e na função do Parlamento, enquanto
órgão máximo do poder legislativo e fiscalizador da acção governativa. Referi
aqui e no ano passado, que, cito “o
Parlamento, ao exercer o dever de fiscalização, permite que se possa acompanhar
os níveis de execução das metas governativas, contribui para que o executivo
tenha maior performance no seu todo e, facilita a identificação dos elos mais
fracos que possam comprometer os resultados do colectivo” (Fim de citação).
Sublinhei, na ocasião, que a Assembleia Nacional
Popular tinha muitas responsabilidades, das quais não poderia demitir-se ou
delegar e, que poderia ser apoiada em alguns momentos pela Inspecção-geral das
Finanças, a Polícia Judiciária, o Ministério Público e o Tribunal de Contas,
aos quais acrescento hoje a Inspecção Superior de Luta Contra a Corrupção.
Consagrei uma atenção especial à execução
orçamental, enquanto instrumento por excelência da política económica, após ter
saudado o Parlamento e o Governo anterior, pela aprovação unânime do Orçamento
Geral do Estado para 2015.
De igual modo, teci várias considerações à volta do
rigor na gestão e execução orçamentais, procurando demonstrar a ligação vital
que existia, por um lado, entre a boa ou a má gestão dos recursos financeiros
de proveniência diversa e, por outro lado, a agenda nacional de desenvolvimento
consubstanciado no programa do Governo, bem como a melhoria da qualidade de
vida dos guineenses.
Também chamei a atenção para o facto de que, o OGE,
enquanto lei das finanças, não deve ser objecto de despesas extra-orçamentais
ou despesas não tituladas e que o seu não acompanhamento poderia pôr em causa
os princípios fundamentais da prestação de contas, de transparência e de
justiça social.
Contudo, são várias as vozes, desde o cidadão comum
e até algumas figuras da nossa praça, que se ergueram para denunciar
derrapagens na execução orçamental e a multiplicação de despesas não tituladas,
bem como actos de corrupção em vários sectores económicos. Mas, para alguns
sectores da nossa sociedade, estas denúncias não passam de rumores, invenções,
calúnias e até de inveja. Todavia, diariamente, somos obrigados a conviver,
impotentes, perante claros e evidentes sinais exteriores de riqueza
incompatíveis com as conhecidas fontes de rendimentos de alguns servidores do
Estado, em funções há bem pouco tempo.
Digníssimos Deputados, importa relembrar que, durante o período da campanha eleitoral,
percorremos o país de norte a sul, visitamos cidades, aldeias e tabancas,
falamos com as pessoas, ouvimos as populações e testemunhamos várias denúncias
de desmandos e crimes de vária ordem que punham em causa a sustentabilidade dos
nossos recursos naturais, a paz social, o desenvolvimento nacional e os valores
fundamentais do nosso Estado de direito democrático. Mas, com base nas nossas
promessas eleitorais, que determinaram a nossa vitória eleitoral, os nossos
concidadãos estavam justamente convencidos de que daríamos uma resposta
atempada e eficaz a essas denúncias.
Antes pelo contrário, de forma que ninguém podia
esperar, a essas primeiras denúncias do tempo de transição vieram a
acrescentar-se novas denúncias durante apenas este primeiro ano do nosso
mandato. Por exemplo, hoje,
· Por que razão, apesar das nossas comprovadas riquezas haliêuticas e de
licenças de pescas emitidas, ainda existe escassez de pescado no mercado
nacional?
· Por que razão, apesar de contratos celebrados entre as partes, existem
obras públicas, em especial, de construção e manutenção de estradas há muito
iniciadas, mas continuamente inacabadas?
·
Por que razão, apesar do consenso nacional nesta
matéria, da moratória determinada pelo Executivo e do conflito com os madeireiros
legalmente estabelecidos, ainda continuam conflitos no sector?
Porque na guiné, tudo é difícil, nada funciona e
ninguém é responsabilizado. Pabia djitu
ca tem! Até quando?
Perante este estado de coisas, as entidades
vocacionadas para intervir não têm sabido encontrar uma resposta nem atempada e
nem eficaz, por forma a atender às legítimas preocupações e necessidades dos
nossos concidadãos. O tempo passa e a resposta de quem de direito tarda a
chegar, gerando assim um sentimento generalizado de falta de confiança nos
políticos e nas instituições do Estado.
Conforme é a nossa promessa eleitoral, estaremos
sempre determinados na busca de melhores condições institucionais para
enfrentarmos esses grandes males. O nosso tempo enquanto servidores públicos
exige maior urgência na acção, a que nenhum poder do Estado é alheio.
Neste sentido, exprimindo as nossas promessas
eleitorais no quadro das minhas responsabilidades constitucionais, assumi o
desafio de agir, através da nomeação de novo Procurador-geral da República e
novo Presidente do Tribunal de Contas, procurando assim não só dar continuidade
ao esforço que vinha sendo efectuado pelos seus antecessores, mas também
reforçar as melhores condições institucionais, de modo a dar uma resposta mais
eficaz e em tempo oportuno às reais e legítimas expectativas de todos os
guineenses.
De igual modo, renovo o convite inicial as
entidades competentes e vocacionadas do poder público, sobretudo, às entidades
acima referidas para, no estrito quadro das suas competências, procederem às
respectivas investigações de modo a clarificarem os cancros sociais que estão a
minar a justiça, coesão social e relação de confiança entre os cidadãos e dos
seus dirigentes que vêm sendo objecto de denúncias de algum tempo a esta parte.
§ Senhor Presidente da
Assembleia Nacional Popular
§ Digníssimos Deputados
§ Ilustres convidados
§ Minhas Senhoras e Meus
Senhores
Gostaria de saudar viva e calorosamente, a
iniciativa da Assembleia Nacional Popular, em formular um Plano Estratégico,
tendo como horizonte 2020, e estou convicto que, a sua revisão e aprovação, na
base de uma discussão franca e aprofundada, contribuirá para dar uma visão
futurista a esta casa do povo, uma maior dinâmica de funcionamento a todos os
níveis e, em particular, as suas comissões especializadas, privilegiando o
acesso dos seus membros a conhecimento especializado e o reforço da capacidade
institucional da ANP, no sentido do seu engrandecimento e da melhoria da sua
imagem interna e externa.
Um tal desiderato, nos pouparia de episódios
desagradáveis de colapso político e de imagem da Assembleia Nacional Popular,
registados recentemente e, em que alguns Deputados da Nação, transformaram este
espaço de democracia, numa tribuna de excesso de linguagem e ultraje ao Chefe de
Estado, sem precedentes na nossa história democrática.
Creio que, estes episódios, que certamente não
orgulham a instituição parlamentar, pertencem, doravante, ao passado, mas
encerram igualmente factos, cujas ilações devem ser devidamente tiradas.
Outrossim, o Prestígio e credibilidade da
Assembleia Nacional Popular está intimamente ligado ao uso e desempenho dos
instrumentos parlamentares. Estes, salvo melhor opinião, não devem ser
orientados para a persecução de fim diferentes para os quais foram pensados
pelo legislador constituinte.
Aproveito para reiterar a minha inteira
disponibilidade para colaborar com todas as comissões parlamentares, desde que
as mesmas revelem níveis de seriedade suficiente para o profícuo relacionamento
e cooperação institucional entre órgãos de soberania.
§ Digníssimos Deputados da
Nação
A Guiné-Bissau, nossa amada Pátria reclama de todos
nós, uma maior aposta no trabalho, um elevado espírito de patriotismo, a
promoção permanente da cidadania, da auto-estima e da solidariedade social
entre os guineenses.
Os desafios que se perfilam no horizonte são
enormes e vitais, para a reafirmação do nosso país no concerto das nações da
nossa sub-região, da África e do mundo, enquanto parte activa da convivência
politica, económica, social e cultural inter-Estados.
Temos que:
§ Persistir na luta pela promoção do emprego e, em particular o emprego
jovem;
§ Prosseguir sem tréguas o combate pela redução da pobreza;
§ Elevar o nível de crescimento económico do país, apoiando-se nos motores
de crescimento;
§ Prosseguir a prevenção e o combate às grandes endemias e pandemias como
o Ébola e VIH/SIDA, bem como as doenças crónicas;
§ Velar pela garantia da segurança pública e individual dos nossos
concidadãos e estrangeiros residentes no nosso país;
§ Contribuir para a paz e a segurança da nossa sub-região face às ameaças
multiformes tais como o crime organizado transnacional e o terrorismo.
Não devemos nos ocupar da batalha das cifras ou da
competição de dados estatísticos entre o governo e as instituições
sub-regionais e internacionais, sobretudo se estes dados não se traduzem, de facto, na melhoria das condições de
vida das nossas populações.
Não faltam promessas de dinheiro para que o país
possa sair desta situação. Por exemplo, as promessas resultantes da Mesa
Redonda de Bruxelas, da cooperação bilateral com o Reino de Marrocos, da
cooperação bilateral com a Índia, da cooperação com Angola e da cooperação
bilateral com a China.
Sucede simplesmente que, hoje, sem projectos
concretos (com estudos de viabilidade técnico-financeira e de impacto
ambiental) não há desembolsos tanto a nível parceiros dos bilateral como
multilateral. Hoje, é totalmente impossível ter acesso aos recursos junto dos
parceiros somente através de fichas de projectos. Isto significa que temos que
nos concentrar, sobretudo, na elaboração de bons projectos, bem como na
selecção de bons parceiros económicos estrangeiros e nacionais.
Face a estes desafios e, na qualidade de Presidente
da República, não me cansarei, de encorajar acções que propiciam a agenda de
transformação económica e social da Guiné-Bissau, as grandes reformas
político-institucionais, a modernização do sistema político, a revisão da
Constituição da República, observando as considerações, por mim, já
feitas no ano passado,
nomeadamente no que concerne à importância de ampla
participação e consulta popular no processo de revisão; a promoção do quadro
legal, bem como a capitalização dos avanços técnicos adquiridos com as eleições
de 2014, favorecendo, deste modo, a conclusão e a consolidação do processo
democrático, com a realização das eleições autárquicas.
Nesta ordem de ideias, todos podem contar com total
apoio do Presidente da República na busca de consensos, mas com base na
verdade. Não pouparei esforços e darei toda a minha energia para a plena
realização destes grandes desígnios. É nela que se inscreve igualmente a minha
acção político- diplomática, enquanto Chefe de Estado, defendendo os interesses
da Guiné-Bissau dentro e fora do país, levando a mensagem do nosso povo, às
mais altas instâncias internacionais.
A este propósito, convém salientar os resultados
encorajadores da nossa participação na cimeira Índia-África, em Nova Deli e nas
comemorações do 40º Aniversário da Independência da República irmã de Angola.
Nesta esteira, perspectiva-se igualmente a nossa participação, ainda este ano
na próxima cimeira China-África, bem como a cimeira dos Chefes de Estado e de
Governo da CEDEAO
§ Senhor Presidente da
Assembleia Nacional Popular
§ Digníssimos Deputados
§ Ilustres convidados
§ Minhas Senhoras e Meus
Senhores
Gostaria de concluir esta minha alocução, com uma
nota de esperança, dizendo a todos aqui presentes e aos guineenses que, antes
de merecermos o apoio e a solidariedade da comunidade sub-regional, regional e
internacional, temos que, primeiro, contar com as nossas próprias forças e
valorizar as nossas potencialidades, explorar as nossas vantagens comparativas
assentes na agricultura, nas pescas, no turismo, na biodiversidade e na
diversidade cultural. Temos e devemos, antes de mais, contar com o trabalho
árduo e abnegado dos guineenses, sobretudo, através de “Mon-na-Lama”, para
permitir “Terra Ranca”, colocando assim mais comida na mesa das famílias
guineenses e construir na Pátria de Cabral, a paz e o progresso.
Que Deus abençoe a Guiné-Bissau e aos guineenses.
Bem-haja a todos,
Muito obrigado!
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