domingo, 5 de julho de 2020

GUINÉ -BISSAU 

Sissoco sem saída para a crise

Está a ser cada vez mais complicado para o autoproclamado presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, cumprir o roteiro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), particularmente o ponto que fala da nomeação de um novo primeiro-ministro, “tendo em conta os resultados eleitorais e respeitando a constituição da república do país”.

Embaló regressou a Bissau na tarde deste sábado (04.07), depois de uma visita de 24horas a Níger, na qual manteve encontro com o presidente daquele país, Mahamadou Issoufou, que também é presidente em exercício da CEDEAO.

A viagem de Sissoco Embaló teria sido para tentar “dar volta à situação”, depois do posicionamento do conselho de segurança das Nações Unidas, que exigiu o cumprimento do roteiro da CEDEAO e falou em nomeação “imediata” de um governo, conforme à constituição da república e os resultados das últimas eleições legislativas.

O facto é que a situação não está a ser fácil para Umaro Sissoco Embaló. Segundo observadores políticos contactados pelo Capital News, um eventual cumprimento por parte do Autoproclamado, da exigência da comunidade internacional, seria o “fim” da aliança política que o levou à presidência da república e despoletaria uma “grave desconfiança” entre Embaló e os seus apoiantes.
“Os partidos que hoje governam a Guiné-Bisssu (MADEM G-15, PRS e parte de APU-PDGB) não estão minimamente interessados em entregar o poder de novo ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor  das legislativas”, afirmou um observador, sob anonimato.

Ainda assim, do outro lado, os ânimos reanimaram-se. Os militantes e dirigentes do PAIGC tiveram esta semana algum momento para se reanimarem, depois do pronunciamento da comunidade internacional sobre a nomeação de um novo governo e, principalmente, depois de o seu líder Domingos Simões Pereira, ter afirmado num vídeo que não deixaria a liderança do partido, isto após informações que indicavam no sentido contrário, na sequência da “traição” dos cinco deputados do partido, que decidiram comparecer na Assembleia Nacional Popular (ANP) e votaram a favor do programa do governo de Nuno Nabiam, contra as orientações do PAIGC.

Na Guiné-Bissau, assiste-se agora “jogadas político-psicológicas” cujo desfecho terá mãos da comunidade internacional, que tem monitorizado a situação política guineense, de forma mais assídua, desde 2015.

Um elemento não menos importante neste cenário político é Nuno Nabiam, Primeiro-ministro e “dono” de uma “influência” nos militares, que viu o seu programa de governação aprovado pelos deputados. 

Sendo assim, analistas acreditam que vai ser um “osso duro de roer”. “O seu afastamento da governação, por Umaro Sissoco Embaló é muito pouco provável, pelo menos no atual contexto político”, dizem.

Por Iancuba Dansó
CNEWS 
04.07.20

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