quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Umaro Djau de novo

 MAIS UMA NUVEM DE INCERTEZA NA GUINÉ-BISSAU 

A décima legislatura na Guiné-Bissau tem apenas um ano e oito meses. A tomada de posse dos deputados Assembleia Nacional Popular (ANP) teve lugar nos meados de Abril de 2019; 

O facto de estarmos a falar hoje de uma possível dissolução da ANP é um sinal claro de uma crise aguda, mesmo que politicamente manufacturada; 

O que não entendo, no entanto, é o visado neste processo. E explico-me: 

1. A presente composição parlamentar é um produto de entendimento entre o MADEM G-15 e o PRS; 

2. A passagem do Programa do Governo de Nuno Gomes Nabiam foi possível com estes dois partidos, mais alguns deputados do PAIGC, da APU-PDGB  e do PND. 

3. O actual Primeiro-ministro é da escolha do próprio Presidente da República, em base dos acordos com o MADEM G-15, o PRS,  e a APU-PDGB; 

4. O actual governo reflecte esses mesmos arranjos políticos, também avalizados pelo PR; 

5. E o actual governo é practicamente controlado pelo Presidente da República, que aliás dirige quase todos os conselhos de ministros. 

Alguém pode-me explicar o quê é que se passa na Guiné-Bissau e quem seria penalizado com uma eventual dissolução da ANP? Certamente não seria o PAIGC. 

Tenho a impressão que os realinhamentos políticos na ANP (no governo e nalguns partidos) não são suficientemente rápidos e  satisfatórios para deixarem terminar a presente legislatura. 

Cá vamos nós, se calhar, a caminho de mais umas eleições legislativas antecipadas na Guiné-Bissau sob o manto da nossa cultura de guerra. 

Deixa-me lembrar-vos, mais uma vez: "MGD, kaminhu pá kumpu terra". Claro, para quem está descontente com a constante nuvem de instabilidade política na Guiné-Bissau. 

Nô bai son. 

--Umaro Djau 

17 de Dezembro de 2020

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