MAIS UMA NUVEM DE INCERTEZA NA GUINÉ-BISSAU
A décima legislatura na Guiné-Bissau tem apenas um ano e oito meses. A tomada de posse dos deputados Assembleia Nacional Popular (ANP) teve lugar nos meados de Abril de 2019;
O facto de estarmos a falar hoje de uma possível dissolução da ANP é um sinal claro de uma crise aguda, mesmo que politicamente manufacturada;
O que não entendo, no entanto, é o visado neste processo. E explico-me:
1. A presente composição parlamentar é um produto de entendimento entre o MADEM G-15 e o PRS;
2. A passagem do Programa do Governo de Nuno Gomes Nabiam foi possível com estes dois partidos, mais alguns deputados do PAIGC, da APU-PDGB e do PND.
3. O actual Primeiro-ministro é da escolha do próprio Presidente da República, em base dos acordos com o MADEM G-15, o PRS, e a APU-PDGB;
4. O actual governo reflecte esses mesmos arranjos políticos, também avalizados pelo PR;
5. E o actual governo é practicamente controlado pelo Presidente da República, que aliás dirige quase todos os conselhos de ministros.
Alguém pode-me explicar o quê é que se passa na Guiné-Bissau e quem seria penalizado com uma eventual dissolução da ANP? Certamente não seria o PAIGC.
Tenho a impressão que os realinhamentos políticos na ANP (no governo e nalguns partidos) não são suficientemente rápidos e satisfatórios para deixarem terminar a presente legislatura.
Cá vamos nós, se calhar, a caminho de mais umas eleições legislativas antecipadas na Guiné-Bissau sob o manto da nossa cultura de guerra.
Deixa-me lembrar-vos, mais uma vez: "MGD, kaminhu pá kumpu terra". Claro, para quem está descontente com a constante nuvem de instabilidade política na Guiné-Bissau.
Nô bai son.
--Umaro Djau
17 de Dezembro de 2020
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