O PAIGC E OS DESAFIOS DA DEMOCRACIA
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UM SISTEMA CORRUPTO E PARASITARIO
Para
melhor compreendermos a essência e toda a complexidade da situação política
vigente na Guiné-Bissau, torna-se imperioso recuar no tempo, munir-se de muita
paciência, capacidade analítica, espírito patriótico e princípio de isenção
face aos acontecimentos que têm ilustrado a nossa história nos últimos 37 anos,
desde o Golpe de Estado do 14 de Novembro de 1980.
Foram
37 anos para esquecer, 37 anos de destruição dos alicerces de uma maravilhosa
sociedade multiétnica e multirreligiosa, constituída por um povo heróico,
outrora unido e coeso, fruto da nossa resistência colectiva à dominação
colonial, uma sociedade que tinha tudo para ser bem sucedido e se afirmar como
modelo único de vivência e convivência humana, de progresso e desenvolvimento
socioeconómico na nossa sub-região africana.
37
anos duma gestão caótica e danosa, que encorajou o despoletar dum sistema
corrupto, retrógrado, intriguista e arcaico, que pedra sobre pedra, foi
projectando e edificando a miséria e a pobreza absoluta na Pátria de Amílcar
Cabral. Um sistema representado por personalidades obsoletas, incapazes de se
afirmarem democraticamente no contexto político nacional e desprovidos de
qualquer expressão e consideração na arena política internacional, mas cuja
dimensão do seu exercício de influências lhes atribui a prerrogativa de
determinar negativamente o panorama político no nosso País, conforme a sua
conveniência, recorrendo ao suborno, à intriga, à mentira e demais ferramentas
de manipulação da consciência humana, visando desta forma o exercício do Poder,
ainda que indirectamente, conducente à afirmação dos seus interesses mesquinhos
e obscuros.
A
Guiné-Bissau tem sido refém desse sistema que, não obstante a sequência de
mudanças ocorridas no topo da hierarquia do Poder Político, conseguiu sempre se
adaptar às circunstâncias, organizando Golpes de Estado, assassinatos políticos
e demais turbulências sociais que resultam em transições políticas caóticas,
imprescindíveis à sua ascensão directa ao Poder, com vista ao fortalecimento da
sua nefasta influência e o livre acesso, controlo e delapidação da riqueza
nacional.
Por
trás contava-se uma longa história de enormes sacrifícios e sonhos adiados, de
um povo que vê a construção do seu futuro esbarrar-se num sistema assente na
impunidade, incompetência e ausência de dignidade humana; um sistema assente em
nomes e figuras concretas e conhecidas da nossa praça; nomes e figuras
desprezíveis e insignificantes, mas que, convencidos da sua prepotência e
impunidade, desafiam consistentemente a sociedade e os seus legítimos
interesses; nomes e figuras que fizeram da Guiné-Bissau o seu património e não
se concebem a margem dos bastidores do Poder, sendo que nos últimos 37 anos se
definiram como os únicos e exclusivos beneficiários de tudo quanto é rendimento
nacional, condenando à miséria, à desilusão e ao desespero a ampla maioria da
população.
A
chegada de Domingos Simões Pereira ao Poder foi aplaudida e saudada com
esperança, tanto pelo nosso povo como pela Comunidade Internacional, que
acreditavam na sua disponibilidade e capacidade de combater o sistema
instalado, libertar a Guiné-Bissau das teias da corrupção, do descaramento
político, do abuso do Poder, que germinavam em permanente instabilidade
Política e cíclicas crises de governação (nenhum Governo democraticamente
eleito consegue cumprir o seu mandato).
Entretanto,
uma vez detentor do Poder, o próprio Domingos Simões Pereira deixou-se envolver
na teia do sistema, apresentando um elenco governativo composto essencialmente
por indivíduos que pela obscuridade do seu passado, deviam ser definitivamente
relegados aos escombros da história, cometendo inclusive a triste proeza de os
proteger, quando o povo, cansado dos seus malabarismos, decidiu entregá-los à
Justiça. Desta forma, Domingos Simões Pereira passou a ser parte integrante ou
mesmo a face de um odioso sistema que na ausência de mecanismos institucionais
consistentes, JOMAV decidiu combater politicamente, vedando-lhes o acesso ao
Poder, convencido que essa medida conduzirá a sua perda de influência,
desgaste, debandada e finalmente auto extinção.
Por
outras palavras, a “guerra” entre JOMAV e DSP, na realidade é uma guerra entre
JOMAV e esse maldito sistema agonizante, que na hora de sucumbir, desprovido da
sua ferramenta habitual (as Forças Armadas), recorre a cobardia, a mentira, a
intriga, falsas acusações e demais factores do aviltamento da consciência social
e moral do homem, para se manter à tona e continuar a sugar a nossa riqueza
nacional, proveniente do sacrifício do nosso povo mártir, que em nenhum momento
abdicará das suas legítimas aspirações à paz e ao desenvolvimento
socioeconómico e portanto se juntará à JOMAV nesta “guerra” de todos nós.
JOMAV
tem angariado tantos inimigos (os habituais figurantes do sistema, membros dos
Governos liderados por Domingos Simões Pereira, Baciro Djá e Carlos Correia,
seus familiares, amigos devidamente acomodados e os que desmerecidamente
aguardavam nomeações, bolsas de estudo e demais benefícios). Todos dispostos a
participar nas mais diversas formas de manifestações, com o objectivo de
retroceder a história e assegurar a manutenção dos seus privilégios.
Neste
contexto, cabe a cada um de nós se posicionar de acordo com a sua consciência,
perante Deus e a História.
Eu estou do lado do JOMAV e estou convicto
que a história me absolverá!
Um bem-haja à Guiné-Bissau e ao nosso Povo!
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