domingo, 29 de agosto de 2021

UMARO DJAU KA TA BRINCA

 Em quê estou a pensar?! 

1. O último decreto do governo da Guiné-Bissau da calamidade à saúde pública é simplesmente um documento mal concebido, irrealista e que menospreza os factos mais simples da saúde pública e do bem-estar social e humano das populações. Pior ainda, o tal decreto assinado pelo chefe do Governo Nuno Gomes Nabiam falha mesmo em reconhecer as formas mais básicas em como a Covid-19 é transmitida. 

2. Assumir que um recolher obrigatório (das 19:59 às 5 horas) pode reduzir a transmissão de Covid é o mesmo que assumir que o vírus só se transmite durante a noite. E que tal das aglomerações que acontecem nas horas seguintes, durante o dia? 

3. Nem vou escrever sobre tantos outros pontos no decreto que claramente evidenciam o total desconhecimento das realidades nacionais e da própria natureza do vírus (a limitação da circulação às determinadas áreas geográficas, o número de pessoas permitidas num funeral, os preços sugeridos para os testes de Covid, etc., etc.). 

4. Em vez de complicar ainda mais os esforços nacionais, na matéria de prevenção e da mitigação da doença, as autoridades nacionais deviam redobrar as suas actividades, sobretudo nos aspectos relacionados à aceleração da campanha de vacinação, ao uso obrigatório (e correcto) das máscaras, ao distanciamento (físico) social, à educação e sensibilização da população sobre as medidas de higiene, às medidas do rastreamento de contactos e ao atendimento das pessoas infectadas. 

5. Não menos importante seria implorar o Governo no sentido de se esforçar em credibilizar as suas próprias acções e comportamentos. Por outras palavras, todas as instituições do Estado devem praticar os mesmos comportamentos que elas gostariam que fossem replicados pela população guineense. 

6. Portanto, meus caros governantes: deixem de complicar e burocratizar ainda mais uma situação, já em si, muito complexa. Sendo uma prioridade mundial, continuem a mobilizar e aplicar todos os recursos necessários para fazer face aos aspectos mencionados no ponto 4 -- com a devida seriedade, honestidade, profissionalismo, competência e empatia (vis-à-vis o sofrimento do povo).


--Umaro Djau

28 de Agosto de 2021

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