domingo, 22 de agosto de 2021

 UM RECADO PARA OS MILITARES GUINEENSES

Na verdade, dos tempos que já lá vão para cá, nem todas as altas chefias militares (e paramilitares) guineenses – no activo ou na reserva -- têm tido um comportamento republicano saudável, dentro dos parâmetros institucionais e constitucionais aceitáveis.  

Mas, também não é menos verdade de que nem o Estado guineense, nem os seus políticos e dirigentes investiram o suficiente capital político e diplomático no sentido de criar um clima (nacional, regional e internacional) para o levantamento das sanções estabelecidas pelo Conselho de Segurança da ONU em 2012. Isto porque, em parte, ao Estado guineense falta quase tudo – estabilidade interna, credibilidade externa, preparação, sabedoria, recursos e a devida habilidade em lidar com assuntos de grande envergadura regional ou internacional.

Mais cedo os militares guineenses souberem (prudentemente) encarar esta realidade e, consequentemente evitarem quaisquer actividades, relacionamentos transaccionais “venenosos” e promessas altamente duvidosas, melhor será para eles, atendendo, sobretudo, o peso institucional que enxergam dentro do contexto histórico e político da nossa sofrida e martirizada República da Guiné-Bissau.

A dificuldade está, reconhecidamente, na obrigatória dependência e obediência institucional (e administrativa) das nossas FARP à gestão e às influências governativas que, infelizmente, são altamente politizadas e individualizadas, num Estado onde – também calculadamente – quase tudo se compra e tudo se condiciona. E são estes condicionalismos que têm tornado quase impossível a sobrevivência de qualquer cultura institucional no país, por mais forte, heróica e enraizada que ela seja. 

Caso para dizer, quase todos nós somos vítimas do nosso Estado das coisas. Mas, é preciso que nos despertemos de novo, a começar por àqueles que juraram defender a nação guineense – nos termos da Constituição e da lei.


--Umaro Djau

22 de Agosto de 2021

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