Partidos Políticos: "filtros" e guardiões da Democracia
As revoluções verdes, vermelhas, rosas, amarelas (entre outras denominações) surgem, de vez em quando, comandadas pelo populismo ou militarismo e forjadas pelas extraordinárias circunstâncias (geo)políticas, económicas e sociais. Para a corrente política contemporânea, trata-se do auge de uma demonstração de "força" democrática popular (i.e. Tunísia, Egipto, Burkina Faso, etc.).
Mas, como as revoluções populares (com aspirações democráticas) são extraordinariamente raras, sobretudo na África subsariana, os partidos políticos devem constituir as alavancas, os defensores e os guardiões dessas democracias. Mas, para isso acontecer, esses partidos têm que ter a coragem de saber estar ao lado do povo, sempre que as circunstâncias o justifiquem, em detrimento de interesses e jogos puramente político-partidários das suas lideranças e/ou membros.
Assim, compete aos partidos políticos refutar internamente quaisquer indicações de candidatos manifestamente nepotistas e autoritários por parte das suas lideranças e/ou membros;
Compete aos partidos políticos a rejeição de atitudes imorais e/ou a falta de ética por parte das suas lideranças e/ou membros;
E compete aos partidos políticos travar comportamentos antidemocráticos antes que esses se desemboquem para o domínio público e prejudiquem um país, como um todo.
Infelizmente, ainda no contexto da África subsariana, o povo nem sempre está munido de conhecimentos e doutras condições matérias e técnicas para avaliar sábia e eficazmente todos os candidatos que lhe são apresentados.
E quando os partidos políticos começarem a assumir as suas responsabilidades políticas e sociais -- peneirando e escrutinando o produto humano que seria apresentado ao povo, isto é, o “homem politico” (em forma de candidatos) -- haverá certamente um pouco apetite popular para as tais revoluções verdes, vermelhas, rosas, amarelas, etc.
Simplesmente dito, as elites políticas (preparadas, sublinho a palavra “preparadas”) e os seus partidos são potencialmente os melhores "filtros" e guardiões contra a demagogia política e outros indícios anti-democráticos. Mas, os tais partidos políticos só podem sê-lo quando têm a sabedoria e a coragem de aceitarem e assumirem as suas responsabilidades. Qualquer abdicação dessas responsabilidades -- mais cedo ou mais tarde -- poderá abrir caminhos para as tais (“in”desejáveis) revoluções verdes, vermelhas, rosas, e amarelas.
-Mestre Umaro Djau
27 de Agosto de 2020
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