O primeiro grande indicador do espírito democrático de um país é o tom conciliatório (ou reconciliatório) no período imediatamente pós-eleitoral, numa tentativa de minimizar as diferenças, forjar a tolerância e incentivar a cooperação.
Mas, na Guiné-Bissau, as vitórias eleitorais têm quase sempre um sabor amargo.
Em vez de deixarmos os vitoriosos "curtir" o seu momento e brilhar na senda nacional e internacional, acabamos quase sempre por ser consumidos pela necessidade de suplicar os derrotados para aceitar as suas derrotas, em nome de paz ou de sei lá.
Caso para dizer: a democracia guineense tem sempre uma nuvem de extrema conflitualidade que paira no ar -- propositada e estrategicamente. Bu n'ganha, bu negocia; bu pirdi tambi, bu negocia.
Bem, também há sempre um espaço para a nossa exagerada cultura de "n'godan n'utru" (leia-se mediação exagerada e até desnecessária).
Há quem acredite (eu incluído) que os 26 anos de democracia já seriam suficientes para criarmos uma tradição (ou precedentes) de livremente reconhecermos as vitórias dos nossos oponentes e de aceitarmos humildemente as nossas deficiências/falhanços eleitorais, em caso de derrotas.
--Umaro Djau
24 de Junho de 2020
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