quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Vergonha eterna

 Para os amantes de desporto, muito particularmente o futebol: já chegaram de ver um árbitro a ser entrevistado antes ou após um jogo?


Sinto a pena da minha/nossa TV guineense, para a qual me bati para que houvesse a liberdade de expressão e da imprensa.


A minha solidariedade para com o Jornalista Baducaram Imbenque da RTG!


Nota para os leigos na matéria: um jornalista nunca é obrigado a entrevistar alguém durante uma reportagem. Uma tal prerrogativa é da exclusiva responsabilidade de jornalista no terreno, dependendo de factores logísticos, editoriais e técnicos. 


Agora, se a TV guineense está interessada em entrevistar qualquer figura, ela pode sempre convidar a pessoa para o estúdio ou enviar/despachar uma equipa exclusivamente para esse efeito e com as devidas instruções. 


Suspender um jornalista por não ter entrevistado um Presidente da República é muito remanescente dos anos 80s e 90s.


E é deveras preocupante. 


--Umaro Djau

12 de Janeiro de 2021


==== LER A NOTÍCIA ====:

Jornalista da TGB que não entrevistou Sissoco é suspenso pelo diretor geral


O jornalista desportivo da Televisão da Guiné-Bissau (TGB) Baducaram Imbenque, foi suspenso de todas as atividades, pelo diretor geral do órgão público, Amadú Djamanca, alegadamente por não ter entrevistado o presidente da República, no âmbito do torneio de futebol que decorre no Estádio Lino Correia, entre os órgãos de soberania do país, disse ao CNEWS uma fonte da TGB.


No dia 09 de janeiro, jogaram as equipas da Assembleia Nacional Popular (ANP) e do governo, jogo cuja primeira parte foi apitada por Umaro Sissoco Embaló. É aí que tudo terá começado, quando o jornalista, segundo fontes da TGB, não terá conseguido apanhar o chefe de Estado e outras figuras para a entrevista, porque já estava a noite e escuro.


Contudo, o jornalista conseguiu entrevistar os dois capitães das equipas que se defrontaram. Nuno Nabiam, do lado do governo, e Jorge Aníbal, da ANP. Essas entrevistas terão decorrido em escuridão, com recurso à lâmpada de telemóveis, como forma de garantir alguma claridade.


Mas o despacho de suspensão até “segunda ordem”, de Baducaram Imbenque, assinado pelo diretor geral da TGB, e na posse do Capital News, não faz referência ao facto de o chefe de Estado não ter sido entrevistado.


“Não obstante a liberdade de imprensa e de expressão, em observância plena, e com base na liberdade do jornalista em escolher o ângulo da notícia, conforme a sua preferência, cada órgão de informação, sobretudo aqueles públicos ou estatais, como a TGB, tem a sua própria linha editorial. Com isso, e trata-se de um ocorrido (no dia 09 de janeiro em curso), que pôs em causa essa linha editorial, mais agravante ainda quando o evento em questão é relacionado com os órgãos de soberania”, foi assim que Amadú Djamanca justicou a sua decisão.


O Capital News soube que Baducaram Imbenque foi suspenso sem ter sido ouvido e nem lhe foi entregue a nota de culpa, um procedimento administrativo e disciplinar que se deve respeitar, quando se trata de casos deste tipo.


Por CNEWS

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