SABER LIDAR COM O CRITICISMO E O INSULTO
Não devemos permitir que algum político -- em posição de liderança ou não -- redefina o significado de criticismo. O criticismo não é o mesmo que o insulto.
E um político ou uma pessoa num lugar de liderança não é imune às duas coisas. Aliás, o mais desejável numa sociedade democrática é ter um político/líder com a tremenda capacidade de tolerar e de gerir tanto o criticismo, como o insulto, por mais indesejáveis, deselegantes e repreensíveis que ambos sejam.
Dependendo do nível da pessoa, a crítica (positiva ou negativa) tende a revelar problemas. Um tal processo de discussão acaba sempre por trazer especificas dificuldades à luz do dia. Isso, por sua vez, nos força a pensar de novo – individual e colectivamente -- sobre possíveis soluções. E o insulto vale o que vale e ele deve ser interpretado dentro de um contexto limitado das motivações emocionais e até obscuras da pessoa que o faz.
Daí que queira reconhecer a postura de ex-presidente José Mário Vaz pela forma humana como conseguiu gerir mental e psicologicamente a sua pessoa e o seu cargo, apesar dos criticismos/insultos que ele fora alvo durante a sua presidência. Refiro-me apenas às reacções do ex-chefe de Estado face ao criticismo e aos insultos contra a sua pessoa e não necessariamente da sua conduta política ou doutras decisões tomadas durante o seu mandato. Sei que outras pessoas e grupos provavelmente discordarão com a minha (talvez limitada) observação. Respeitarei qualquer dissonância ou contradição neste sentido.
O mais importante, todavia, é de se ter em conta que ocupar um cargo formal, informal ou moral tem o seu preço em qualquer sociedade -- feliz ou infelizmente. E qualquer pessoa com uma tal pretensão ou aspiração tem que ter a predisposição individual e psicológica para saber lidar com os efeitos colaterais dos comportamentos alheios, pouco amigáveis e/ou agressivos do outrem, sobretudo nesta fase da revolução tecnológica/digital e da incontrolabilidade da informação e comunicação.
Daí que a preparação mental e psicológica seja um elemento importante no exercício da autoridade – seja ela formal, informal e/ou moral -- independentemente da dimensão e da abrangência da mesma.
A força e a essência da autoridade residir-se-ão sempre na capacidade individual de sabermos lidar com os comportamentos humanos dos ditos súbditos ou de constituintes. Aliás, assim sempre foi desde nos tempos de antiguidade. O nosso sucesso como um Chefe da Tabanca (Djarga), um Régulo, um Príncipe, um Rei, Um Primeiro-Ministro, ou um Presidente da República depende, em grande parte, dessa capacidade.
--Umaro Djau
28 de Outubro de 2020
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