CPLP
desconhece critérios sobre sanções da CEDEAO a 19 guineenses
A secretária-executiva da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirmou hoje desconhecer
"os critérios" da CEDEAO para impor sanções a 19 personalidades na
Guiné-Bissau, reiterando que o diálogo é "extremamente necessário"
para superar a crise política.
A Comunidade Económica de Estados da África
Ocidental (CEDEAO) confirmou hoje sanções a 19 personalidades guineenses,
incluindo o atual e o ex-procurador-geral da República, ministros e outros
políticos.
"Nós ainda não fomos notificados
formalmente pela CEDEAO sobre esta decisão. Vamos aguardar e nessa altura, uma
vez que a CPLP é uma organização intergovernamental, o que faremos logo é
desencadear um processo de consulta aos nossos Estados-membros para termos um
posicionamento", afirmou à Lusa Maria do Carmo Silveira, à margem de uma
reunião de alto nível sobre agricultura familiar na CPLP, que terminou hoje em
Lisboa.
Questionada se estas sanções podem ser um
contributo para superar o impasse político na Guiné-Bissau, a responsável da
CPLP disse que "faltam muitos elementos".
"Desconhecemos os critérios que
estiveram na base da constituição da lista. Há muitos elementos que precisamos
de obter para depois termos um posicionamento", comentou.
A CPLP, sublinhou a secretária-executiva,
"sempre esteve muito preocupada com a situação na Guiné-Bissau e sempre se
disponibilizou para colaborar, dentro dos limites da sua possibilidade, para
ajudar a encontrar pontes que possam construir o diálogo que é extremamente
necessário para solucionar a questão da Guiné-Bissau".
A lista de personalidades abrangidas pelas
sanções da CEDEAO inclui o procurador-geral da República, Bacari Biai; o
ex-procurador-geral António Sedja Man; os ministros do Comércio, Victor
Madinga, e do Turismo, Fernando Vaz; Herson Gougjabi Vaz, filho do Presidente
guineense e o ministro do Interior do Governo demissionário, Botche Cande.
São também sancionados Braima Camará, Rui
Dia de Sousa, Soares Sambu, Abel da Silva Gomes, Manuel Nascimento Lopes,
Eduardo Mamadu Balde, Maria Aurora Abissa Sano, todos deputados expulsos do
PAIGC (partido mais votado nas últimas legislativas).
O castigo também foi aplicado à Florentino
Mendes Pereira, secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS), Orlando
Mendes Viegas, vice-presidente do mesmo partido e ministro das Pescas no
Governo demissionário, Certório Biote, líder do grupo parlamentar do PRS, e
Domingos Quade, dirigente da mesma formação política.
Ainda do PRS são alvo de sanções Carlitos
Barai e Domingos Malu, atual e ex-ministro da Saúde Pública.
Um comunicado assinado pelo departamento de
comunicação da CEDEAO, a que a Lusa teve hoje acesso, indica que a organização
sub-regional adota as sanções, que implicam o impedimento de viagem dos
sancionados, bem como as respetivas famílias, congelamento dos seus bens
financeiros e impedimento de participação nas atividades da comunidade.
A CEDEAO pediu apoio à aplicação das
sanções a outras organizações, nomeadamente as Nações Unidas, União Africana,
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), União Europeia e Organização
Internacional da Francofonia.
O Presidente guineense, José Mário Vaz,
nomeou no mês passado Artur Silva para chefiar um novo Governo, mas o PAIGC já
anunciou que o seu partido não iria aceitar qualquer nome que não fosse o do
seu dirigente Augusto Olivais, proposto no quadro do Acordo de Conacri.
A Guiné-Bissau vive uma crise política
desde a demissão, pelo Presidente José Mário Vaz, do Governo liderado pelo
primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, em agosto de 2015.
Por falta de consenso entre as várias
forças políticas, a CEDEAO elaborou o Acordo de Conacri, que prevê a nomeação
de um primeiro-ministro de consenso.
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