Tendi pressa, nunka ka kumpu kombersa di Guiné-Bissau
Por: Mestre Ismael Sadilú Sanhá
Confiante estava o antigo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Dr. Ramos Horta, ao profetizar que, em caso conseguisse uma coligação entre o primeiro e o segundo mais votados nas eleições legislativas passadas, vai permitir alcançar a estabilidade política e económica. Isso não passou de uma mera quimera pois frustrou as suas expectativas.
Infelizmente a missão do Dr. Ramos acabou, mas a Horta (problemas) ficou e estão a vegetar.
E agora que os grandes fragmentaram, só não sei dizer se foi no meio ou na ponta, surgiram em catadupa os novos e há todo um frenesim para controlar o poder, também não sei dizer se é absoluto ou parcial, será que a PRESSA de ir às urnas vai ser uma panaceia para acabar com está prolongada crise?
A pressa sempre foi inimiga da perfeição e para a Guiné-Bissau (GB) tem constituído um fardo colossal, “quiçá” mais pesado do que a cruz que Jesus Cristo carregou para amortecer os pecados humanos.
A única diferença entre as cíclicas crises que a GB tem passado, reside essencialmente no “modus faciendi”, mas tem-se recorrido ao mesmo método e antídoto para resolvê-las. Seja a visão endógena ou exógena tem sido retilínea e direcionada.
Perante esta situação, confere-me descrever os antecedentes fatuais:
Após a fatídica e desastrosa guerra de 7 de junho de 1998, para normalizar o país e restabelecer o quadro legal, sem antes procurar fortificar as instituições que estavam muito debilitadas e padeciam da “síndrome de Estocolmo”, dotando-as de capacidade necessárias para prossecução da sua missão, deu-se a primazia “à pressa”, custe o que custar, sob condicionalismos estoicos impostos pela comunidade internacional para dar ajuda financeira, o país tinha que ir às eleições de imediato.
Como já nos habituaram, pensava-se, tendo um presidente e um primeiro-ministro, sufragadas nas urnas ça va allez. Da noite para o dia, o estado das coisas iria dissipar-se e entrar na linha, porém temos assistidos a um definhamento vertiginoso das instituições e do Estado.
Com o advento do golpe de Estado de 2012, mais uma vez, foi encontrado um antídoto extremamente erróneo e periclitante para inverter o curso das coisas. Pois o Dr. Ramos Horta achava que tinha solução magica na manga para curar “tchaga n´kurbadu” que tem afligido o país. Desta vez, não vai aplicar-se “penicilina”, mas sim “citi malgós”.
Devido à vontade férrea de chegar ao poder, ninguém teve discernimento para parar e pensar qual deveria ser a saída plausível, a comunidade internacional disponibilizou-se de imediato para desembolsar avultadas somas para apoiar as eleições, como se fosse a panaceia e que, num ápice, os crónicos problemas iriam evadir-se, fugazmente.
Não era segredo para ninguém, que havia o resquício da divida por saldar e a resiliência que se mantinha, era uma questão do tempo, até jorrar uma “diarreia”. Foram ignoradas as quezílias latentes no seio dos partidos, em vez de se tentar compreender a dinâmica dos problemas endógenos e encontrar uma solução para mitigá-los. Isso vai permitir para governar.
Entretanto, o Dr. Ramos Horta decidiu encurtar caminho e ser arrojado, tentando implementar uma bitola altamente nociva e desenquadrada à situação da GB, para alcançar a estabilidade política, ao adotar um sistema político híbrido “a bipartidarização” para governar. Isto quer significar obrigar o vencedor a dividir o poder com os outros, forçando uma coabitação com os interesses diametralmente antagónicos.
Cumpri-me salientar que este paradigma já havia sido experimentado, quando o PRS, pela primeira vez, venceu as eleições tanto presidências e legislativas, forjou uma coligação com o Partido Movimento Bafatá, sendo a terceira força política mais votada e o com outros partidos minoritários, mas não surtiu efeito esperado, devido ao acentuado e constante desentendimento que desabrochou, o que acabou por decapitar vilmente a coligação.
De fato, conseguiu-se a “união de fato" apesar de ser efémero e não a partilha equitativa ou equilibrado do poder entre os dois partidos.
Como o tempo é dono de tudo, o que Dr. Ramos Horta esperava estancar num estalar dos dedos e num curto espaço do tempo, os problemas que se tentavam resolver há vários anos desbaratando o erário público de outras nações, não se concretizaram. Esqueceu-se que a rebeldia está entranhada no DNA dos guineenses. Somos rebeldes!
Se durante onze anos, com parcas materiais de guerra, os guineenses conseguiram com bravura bater de frente com os tugas, quanto a mais um timorense (riso). Era uma questão de dias até a crise política profunda fosse disseminada em todas as instituições da República.
Infelizmente, os louros políticos não foram além-fronteiras, para demonstrar ao mundo o que significa “realpolitik”, no CV do Ramos Horta, passa a constar que esteve na GB a representar ONU e não mais que isso. A sua pretensão de ser chamado herói do nosso tempo, caiu em desuso.
Como não temos sabido aprender com os erros sistemáticos, mais uma vez, a omnipotência está a falar mais alto, alguém decidiu sacar a “pressa” da cartola, passando por cima do clima de desconfiança acutilante, descurando os antecedentes fatuais ao tentar empurrar o país para eleições, com os nervos à flor da pele, ou seja, com os ânimos exaltados para resolver “tchaga n´tigu i n´kurbadu”.
Ainda vai a tempo de colocarmos um freio neste ambiente ostracizante, com vista a alcançar um amplo consenso e de melhor maneira possível organizar as eleições.
Bissau, 17 de dezembro de 2018.
Por: Mestre Ismael Sadilú Sanhá
Confiante estava o antigo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Dr. Ramos Horta, ao profetizar que, em caso conseguisse uma coligação entre o primeiro e o segundo mais votados nas eleições legislativas passadas, vai permitir alcançar a estabilidade política e económica. Isso não passou de uma mera quimera pois frustrou as suas expectativas.
Infelizmente a missão do Dr. Ramos acabou, mas a Horta (problemas) ficou e estão a vegetar.
E agora que os grandes fragmentaram, só não sei dizer se foi no meio ou na ponta, surgiram em catadupa os novos e há todo um frenesim para controlar o poder, também não sei dizer se é absoluto ou parcial, será que a PRESSA de ir às urnas vai ser uma panaceia para acabar com está prolongada crise?
A pressa sempre foi inimiga da perfeição e para a Guiné-Bissau (GB) tem constituído um fardo colossal, “quiçá” mais pesado do que a cruz que Jesus Cristo carregou para amortecer os pecados humanos.
A única diferença entre as cíclicas crises que a GB tem passado, reside essencialmente no “modus faciendi”, mas tem-se recorrido ao mesmo método e antídoto para resolvê-las. Seja a visão endógena ou exógena tem sido retilínea e direcionada.
Perante esta situação, confere-me descrever os antecedentes fatuais:
Após a fatídica e desastrosa guerra de 7 de junho de 1998, para normalizar o país e restabelecer o quadro legal, sem antes procurar fortificar as instituições que estavam muito debilitadas e padeciam da “síndrome de Estocolmo”, dotando-as de capacidade necessárias para prossecução da sua missão, deu-se a primazia “à pressa”, custe o que custar, sob condicionalismos estoicos impostos pela comunidade internacional para dar ajuda financeira, o país tinha que ir às eleições de imediato.
Como já nos habituaram, pensava-se, tendo um presidente e um primeiro-ministro, sufragadas nas urnas ça va allez. Da noite para o dia, o estado das coisas iria dissipar-se e entrar na linha, porém temos assistidos a um definhamento vertiginoso das instituições e do Estado.
Com o advento do golpe de Estado de 2012, mais uma vez, foi encontrado um antídoto extremamente erróneo e periclitante para inverter o curso das coisas. Pois o Dr. Ramos Horta achava que tinha solução magica na manga para curar “tchaga n´kurbadu” que tem afligido o país. Desta vez, não vai aplicar-se “penicilina”, mas sim “citi malgós”.
Devido à vontade férrea de chegar ao poder, ninguém teve discernimento para parar e pensar qual deveria ser a saída plausível, a comunidade internacional disponibilizou-se de imediato para desembolsar avultadas somas para apoiar as eleições, como se fosse a panaceia e que, num ápice, os crónicos problemas iriam evadir-se, fugazmente.
Não era segredo para ninguém, que havia o resquício da divida por saldar e a resiliência que se mantinha, era uma questão do tempo, até jorrar uma “diarreia”. Foram ignoradas as quezílias latentes no seio dos partidos, em vez de se tentar compreender a dinâmica dos problemas endógenos e encontrar uma solução para mitigá-los. Isso vai permitir para governar.
Entretanto, o Dr. Ramos Horta decidiu encurtar caminho e ser arrojado, tentando implementar uma bitola altamente nociva e desenquadrada à situação da GB, para alcançar a estabilidade política, ao adotar um sistema político híbrido “a bipartidarização” para governar. Isto quer significar obrigar o vencedor a dividir o poder com os outros, forçando uma coabitação com os interesses diametralmente antagónicos.
Cumpri-me salientar que este paradigma já havia sido experimentado, quando o PRS, pela primeira vez, venceu as eleições tanto presidências e legislativas, forjou uma coligação com o Partido Movimento Bafatá, sendo a terceira força política mais votada e o com outros partidos minoritários, mas não surtiu efeito esperado, devido ao acentuado e constante desentendimento que desabrochou, o que acabou por decapitar vilmente a coligação.
De fato, conseguiu-se a “união de fato" apesar de ser efémero e não a partilha equitativa ou equilibrado do poder entre os dois partidos.
Como o tempo é dono de tudo, o que Dr. Ramos Horta esperava estancar num estalar dos dedos e num curto espaço do tempo, os problemas que se tentavam resolver há vários anos desbaratando o erário público de outras nações, não se concretizaram. Esqueceu-se que a rebeldia está entranhada no DNA dos guineenses. Somos rebeldes!
Se durante onze anos, com parcas materiais de guerra, os guineenses conseguiram com bravura bater de frente com os tugas, quanto a mais um timorense (riso). Era uma questão de dias até a crise política profunda fosse disseminada em todas as instituições da República.
Infelizmente, os louros políticos não foram além-fronteiras, para demonstrar ao mundo o que significa “realpolitik”, no CV do Ramos Horta, passa a constar que esteve na GB a representar ONU e não mais que isso. A sua pretensão de ser chamado herói do nosso tempo, caiu em desuso.
Como não temos sabido aprender com os erros sistemáticos, mais uma vez, a omnipotência está a falar mais alto, alguém decidiu sacar a “pressa” da cartola, passando por cima do clima de desconfiança acutilante, descurando os antecedentes fatuais ao tentar empurrar o país para eleições, com os nervos à flor da pele, ou seja, com os ânimos exaltados para resolver “tchaga n´tigu i n´kurbadu”.
Ainda vai a tempo de colocarmos um freio neste ambiente ostracizante, com vista a alcançar um amplo consenso e de melhor maneira possível organizar as eleições.
Bissau, 17 de dezembro de 2018.
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