EUA vão cortar colaboração com Guiné-Bissau se crise persistir
atualizado 1 Novembro 2019, 10:07
por Lusa
Os Estados Unidos da América vão deixar de dar informações às autoridades locais da Guiné-Bissau sobre as remessas de droga internacionais se a crise política e a corrupção persistirem, declarou hoje à Lusa um diretor da Administração de Combate à Droga.
A afirmação foi feita pelo diretor regional adjunto para África da Administração de Combate à Droga (DEA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos da América, Antonio Hubbard, em entrevista à agência Lusa.
Antonio Hubbard considerou que o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, tem tomado "boas decisões" contra o narcotráfico, mas a administração norte-americana vê-se obrigada "a não partilhar informações e não dar assistência" quando as autoridades do país não estão a trabalhar em conformidade.
O objetivo é pressionar o Governo da Guiné-Bissau a combater a corrupção e a reforçar a aplicação da lei, segundo Antonio Hubbard, que falou à Lusa por telefone a partir de Joanesburgo, África do Sul.
O diretor regional adjunto da DEA considerou que é verdade que alguns partidos políticos estão envolvidos no tráfico de droga.
"É um assunto que eles têm de resolver. Se [o problema] não for tratado e se for criado pelo próprio Governo, não temos escolha a não ser não prestar assistência. Não podemos dar assistência quando sabemos que existe corrupção dentro do Governo ou na aplicação de leis", considerou Antonio Hubbard.
A visão da Administração de Combate à Droga é que os esforços para a Guiné-Bissau têm de continuar, já que há "parceiros de confiança", mas enquanto a crise política não for resolvida, tem de "desacelerar os progressos".
A crise política significa que "uma situação já complicada vai ficar ainda mais complicada" e que traz muitos entraves a atividades de combate que estavam a ser planeadas pela administração.
A DEA dá especial atenção ao fluxo de tráfico de droga vindo da América do Sul para a costa ocidental da África, mas o principal problema é a falta de cooperação de outras nações para as detenções.
O agente continuou: "Se temos informações de uma embarcação de droga proveniente do Brasil ou de outro lugar... Temos boas informações e podemos passá-las, mas se não houver embarcações das outras nações que estão a patrulhar, não temos maneira de impedir, arrestar ou confiscar os navios".
Antonio Hubbard acrescentou que a DEA não pode intervir depois de as embarcações criminosas entrarem em águas territoriais dos países.
"Quando as remessas entram em águas territoriais, por exemplo da Guiné-Bissau ou das muitas ilhas que circundam, é muito difícil planear e dirigir operações de aplicação da lei".
O departamento de Defesa dos EUA em África responde pelo treino de militares na região e também pelos recursos navais. Segundo Hubbard disse à Lusa, deixaram de disponibilizar alguns recursos recentemente "por falta de esforços recíprocos" locais.
O Presidente guineense demitiu no início da semana o Governo liderado por Aristides Gomes, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das eleições legislativas, e nomeou Faustino Imbali (Partido para a Renovação Social) como primeiro-ministro da Guiné-Bissau, tendo dado posse ao executivo esta sexta-feira.
A União Africana, a União Europeia, a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente José Mário Vaz de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março.
O Governo de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por ser candidato às eleições presidenciais, pelo seu mandato ter terminado a 23 de junho e por ter ficado no cargo por decisão da CEDEAO.
atualizado 1 Novembro 2019, 10:07
por Lusa
Os Estados Unidos da América vão deixar de dar informações às autoridades locais da Guiné-Bissau sobre as remessas de droga internacionais se a crise política e a corrupção persistirem, declarou hoje à Lusa um diretor da Administração de Combate à Droga.
A afirmação foi feita pelo diretor regional adjunto para África da Administração de Combate à Droga (DEA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos da América, Antonio Hubbard, em entrevista à agência Lusa.
Antonio Hubbard considerou que o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, tem tomado "boas decisões" contra o narcotráfico, mas a administração norte-americana vê-se obrigada "a não partilhar informações e não dar assistência" quando as autoridades do país não estão a trabalhar em conformidade.
O objetivo é pressionar o Governo da Guiné-Bissau a combater a corrupção e a reforçar a aplicação da lei, segundo Antonio Hubbard, que falou à Lusa por telefone a partir de Joanesburgo, África do Sul.
O diretor regional adjunto da DEA considerou que é verdade que alguns partidos políticos estão envolvidos no tráfico de droga.
"É um assunto que eles têm de resolver. Se [o problema] não for tratado e se for criado pelo próprio Governo, não temos escolha a não ser não prestar assistência. Não podemos dar assistência quando sabemos que existe corrupção dentro do Governo ou na aplicação de leis", considerou Antonio Hubbard.
A visão da Administração de Combate à Droga é que os esforços para a Guiné-Bissau têm de continuar, já que há "parceiros de confiança", mas enquanto a crise política não for resolvida, tem de "desacelerar os progressos".
A crise política significa que "uma situação já complicada vai ficar ainda mais complicada" e que traz muitos entraves a atividades de combate que estavam a ser planeadas pela administração.
A DEA dá especial atenção ao fluxo de tráfico de droga vindo da América do Sul para a costa ocidental da África, mas o principal problema é a falta de cooperação de outras nações para as detenções.
O agente continuou: "Se temos informações de uma embarcação de droga proveniente do Brasil ou de outro lugar... Temos boas informações e podemos passá-las, mas se não houver embarcações das outras nações que estão a patrulhar, não temos maneira de impedir, arrestar ou confiscar os navios".
Antonio Hubbard acrescentou que a DEA não pode intervir depois de as embarcações criminosas entrarem em águas territoriais dos países.
"Quando as remessas entram em águas territoriais, por exemplo da Guiné-Bissau ou das muitas ilhas que circundam, é muito difícil planear e dirigir operações de aplicação da lei".
O departamento de Defesa dos EUA em África responde pelo treino de militares na região e também pelos recursos navais. Segundo Hubbard disse à Lusa, deixaram de disponibilizar alguns recursos recentemente "por falta de esforços recíprocos" locais.
O Presidente guineense demitiu no início da semana o Governo liderado por Aristides Gomes, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das eleições legislativas, e nomeou Faustino Imbali (Partido para a Renovação Social) como primeiro-ministro da Guiné-Bissau, tendo dado posse ao executivo esta sexta-feira.
A União Africana, a União Europeia, a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente José Mário Vaz de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março.
O Governo de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por ser candidato às eleições presidenciais, pelo seu mandato ter terminado a 23 de junho e por ter ficado no cargo por decisão da CEDEAO.
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